PR: Forças policiais vitimam 525 pessoas no Paraná em 2024

Relatório aponta aumento de 20% nas mortes cometidas por forças policiais no Paraná em relação ao ano anterior. Jovens negros seguem como as principais vítimas da violência de Estado.
Ratinho Junior participa da abertura da 3º Reunião Ordinária do Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais das Polícias Militares, em Foz do Iguaçu – Foto: AEN/Foto Ari Dias

PR: Forças policiais vitimam 525 pessoas no Paraná em 2024

Relatório aponta aumento de 20% nas mortes cometidas por forças policiais no Paraná em relação ao ano anterior. Jovens negros seguem como as principais vítimas da violência de Estado.

Em 2024, as forças policiais do Paraná foram responsáveis por um total de 525 vítimas, sendo 413 assassinadas e outras 112 feridas em casos de lesão corporal. Esses dados, divulgados pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) em conjunto com o GAESP e o GAECO no dia 22 de janeiro, revelam um aumento de 20,41% nos homicídios policiais em comparação ao ano anterior, explicitando o aumento da violência policial sistemática no estado.

De acordo com o relatório, a maioria das vítimas fatais estava na faixa etária entre 18 e 34 anos, representando 67,55% do total (279 pessoas). A violência é marcada por um recorte racial evidente: 49,9% das vítimas eram pardas ou negras, enquanto 38% eram brancas. O restante inclui 1,2% amarelos e 10,9% não informados, o que corresponde a cerca de 45 pessoas. Além disso, 11 vítimas fatais tinham menos de 18 anos, reforçando o impacto devastador da violência policial sobre os jovens.

A Polícia Militar lidera os casos de violência

A Polícia Militar esteve envolvida em 97,7% dos confrontos registrados em 2024, enquanto a Polícia Civil participou de 1,2% dos casos e as Guardas Municipais de 0,9%. É importante ressaltar que nem todos os confrontos resultaram em mortes; o número total inclui tanto casos fatais quanto os que terminam com feridos ou sem vítimas.

Entre as divisões da Polícia Militar, as equipes da Radio Patrulha Auto (RPA) foram responsáveis por 45,5% dos confrontos, seguidas pela Rotam (28,3%), Rone (13,9%) e Choque (9,8%).

Geograficamente, Curitiba liderou com 98 confrontos, seguida por Londrina (43 casos) e outras cidades como São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu e Colombo (15 casos cada). Regiões menores também apresentaram números preocupantes: Ponta Grossa e Cascavel registraram 11 confrontos cada, enquanto Almirante Tamandaré teve 10 casos.

Armas ou execuções?

Segundo os relatórios oficiais da polícia, 27% das mortes ocorreram contra pessoas desarmadas enquanto 73% supostamente estariam armadas. Ao mesmo tempo, especialistas apontam para o histórico de manipulação de provas e forjamento de confrontos como fatores que comprometem a confiabilidade dos dados.

Letalidade policial na gestão Ratinho Junior

Desde o início da gestão do governador Ratinho Júnior (PSD), em 2019, foram registrados 2.371 assassinatos cometidos por forças policiais no Paraná, consolidando o estado como um dos mais letais do país nesse aspecto. Paralelamente, o número de prisões também cresceu exponencialmente: foram cumpridos cerca de 124.500 mandados judiciais no período, sendo 31.000 apenas em 2024. Esse aumento nas prisões reflete diretamente no crescimento da população carcerária paranaense, que subiu impressionantes 32% a cada dois anos. Além disso, os dados indicam que aproximadamente 34% das prisões estão relacionadas ao tráfico de drogas e atualmente, cerca de 40% do total de presos estão em regime provisório, ou seja, sem julgamento definitivo.

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