Fotos: Comitê de Apoio ao AND – Curitiba
No dia 30 de setembro, a população do bairro Parolin, em Curitiba (PR), marchou pelas ruas da cidade exigindo justiça e o fim do massacre do povo pobre e preto das favelas. Esta foi a segunda manifestação em repúdio à execução de quatro jovens da região pela Polícia Militar, no último dia 28/09.
Da favela até a Linha Verde (BR-116), uma das principais vias da cidade, era possível avistar mais de uma dezena de barricadas com pneus e móveis velhos em chamas. Até mesmo um muro de um terreno baldio foi desmontado e utilizado para demarcar posição com a polícia, que montou verdadeiro aparato de guerra para conter a manifestação. Por detrás das chamas, centenas de moradores entoaram palavras de ordem contra a polícia e denunciando as execuções.
Após percorrerem a principal rua do bairro, por volta das 19 horas, os manifestantes seguiram até a Linha Verde e bloquearam um dos sentidos com pneus em chamas, gerando vários quilômetros de congestionamento. Na tentativa de dispersar os manifestantes, a polícia disparou bombas de efeito moral, que foram respondidas com rojões e novas barricadas pela população.
Segundo confronto
Como dito acima, esta foi a segunda manifestação realizada pela população do bairro. Na primeira, realizada um dia após o crime policial, também foram incendiados pneus e ruas foram trancadas. Temendo a revolta popular, a Polícia Militar disparou balas de borracha em direção aos manifestantes, ferindo diversos moradores, entre crianças, idosos e pessoas que prestavam solidariedade.
A execução
As execuções dos quatro jovens, três deles menores de idade (14, 16 e 17 anos), ocorreram na noite do dia 28 de setembro. De acordo com a polícia, agentes teriam interceptado um carro roubado e teria havido fuga e troca de tiros, resultando na morte dos quatro garotos e nenhum policial ferido.
Esta versão é amplamente desmentida não só por aqueles que presenciaram a execução (e que, inclusive, chegaram a filmá-la), mas por toda a população do bairro, que afirma que os jovens eram trabalhadores e que não sabiam que o carro era roubado.
“Tenho vídeo gravado deles executando meus filhos. Estavam num carro roubado, mas não sabiam. Emprestaram o carro. A polícia nem abordou, fizeram perseguição”, disse uma das mães que teve dois filhos executados.
Segundo a população, os policiais teriam ainda plantado as quatro armas encontradas no carro a fim de justificar a versão de que houve confronto, já que nenhum dos jovens tinha arma e também não há nenhum vestígio de que houve troca de tiros. O pai de outro menino também contestou a hipótese de confronto: “Isso foi uma execução. Não só a dele como dos outros rapazes. Se não fosse execução não estava esse povo lutando pelos filhos do Parolin”.
Outra mãe que teve seu filho assassinado afirmou que vai lutar por justiça: “A gente vai até o fim, até a gente provar que eles não eram bandidos. Primeiro eles matam e depois eles veem se é bandido ou se é pai, se tem família”.