Moradores do Caximba, na zona sul de Curitiba (PR), obrigaram uma empresa terceirizada da Companhia Paranaense de Energia (Copel) a reestabelecer a energia elétrica em quatro vilas da região. Na tarde de 16 de agosto, por ordem e com auxílio da Polícia Militar (PM), essa empresa havia levado embora toda a fiação e o transformador, alegando que tratavam-se de “ligações ilegais”. Tal atitude descabida, que deixou cerca de 4 mil famílias sem energia, foi revertida após encontrar enorme resistência entre a população, que realizou protestos e uma grande manifestação. Como resultado, o transformador e a fiação, bem como a energia elétrica, foram devolvidos por volta de 1h da manhã do dia seguinte.
De acordo com relatos dos moradores, o serviço da Copel foi solicitado após ocorrer um curto circuito em um transformador que atende as vilas Abraão, Juliana, Milinho no dia 29 de outubro, o que causou um apagão. Os técnicos chamados para o conserto alegaram que haviam instalações irregulares conhecidas como “gato” e decidiram, arbitrariamente, por retirar o transformador e toda a fiação – até mesmo de instalações regulares, legalizadas e com relógio contador da Copel. As massas tentaram impedir o roubo do material, mas a empresa conseguiu levar os fios após acionar a PM para reprimir os manifestantes.
Barricada montada durante protestos no Caximba. Foto: Reprodução/Web
Revoltados e exigindo a devolução da instalação elétrica, os moradores realizaram novos protestos e construíram uma barricada de madeira em chamas que bloqueou a Rua Francisca Beralde Paolini. Os diversos protestos se estenderam por todas as quatro vilas afetadas ao longo da tarde e noite do dia 16. Ao menos dois ônibus que circulavam na região foram parados pelos manifestantes. Os veículos foram pichados com a frase Queremos luz e só não foram incendiados de fato pois houve negociações com a Copel, a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná, que foram pegos de surpresa e viram-se obrigados a devolver os materiais e reestabelecer a energia elétrica.
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As vilas que ficaram sem energia elétrica compreendem uma região pobre da zona sul da capital paranaense. Com áreas recentemente ocupadas, boa parcela das moradias ainda está em situação irregular. Desde 2017, a região faz parte de um projeto habitacional encabeçado pelo atual prefeito Rafael Greca (PSD) denominado “Gestão de risco climático: Bairro Novo do Caximba”, no qual a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) visa financiar imóveis a serem construídos pelos próprios moradores com o propósito de “geração de empregos”. Contudo, o discurso da prefeitura não passa de pura demagogia: o cotidiano mostra outra realidade, na qual a população precisa se submeter aos riscos de instalações irregulares devido à falta de serviços públicos essenciais e de condições econômicas para sua subsistência.