A obra de trincheira promovida pela prefeitura de Curitiba, sob gestão do reacionário Rafael Greca, tem gerado insatisfação entre os moradores da região. O empreendimento, que custará R$ 839 milhões (aproximadamente o valor de uma unidade de saúde) e irá demorar 435 dias para ficar pronto, tem sido denunciado pela possibilidade de gerar problemas sanitários (acúmulo de lixos e abrigos para ratos) e desvios de rotas que não favorecem a população local.
Desvios como este, contrários aos interesses dos trabalhadores que usam o transporte público diariamente, são comuns em Curitiba: recentemente, ocorreu uma alteração de itinerário da linha de ônibus 216 (Cabral/Portão), uma das mais utilizadas pelos moradores para irem ao trabalho e que já é famosa por seus infindos atrasos. A linha foi desviada sob a justificativa de “questões de segurança”, mas, na prática, a mudança expôs a população local a um trajeto mais distante e perigoso entre suas casas e os pontos de ônibus. A previsão é que, com o desvio de obra já previsto para a construção da trincheira, a rota do Cabral/Portão sofra alterações ainda maiores. Segundo um morador do bairro Vila Torres entrevistado pelo AND, a obra “vem desafogar o trânsito para afogar a gente”.
LICITAÇÃO ADQUIRIDA POR EMPREITEIRA COM HISTÓRICO DE IRREGULARIDADES E ATRASOS
A licitação da obra milionária foi adquirida pela empreiteira monopolista Nova Engevix Engenharia – empresa controlada pela holding Nova Participações S.A. –, que carrega um longo histórico de irregularidades e atrasos em seus projetos, tal como na implementação do sistema de ônibus de trânsito rápido (BRT) em Cuiabá e Várzea Grande, ambas no Mato Grosso…
A trincheira visa transpor a Avenida Prefeito Lothário Meissner, no Jardim Botânico, com a justificativa de conectar os bairros Cristo Rei e Prado Velho, estendendo-se até a Rua Alberto Twardowski, na entrada para a Vila Torres. A obra faz parte de uma série de projetos idealizados desde o início dos anos 2000, mas que passaram a ser concretizados a partir de investimentos do ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci, que assumiu em 2010 – após a renúncia de Beto Richa para concorrer ao governo do Paraná.
ORÇAMENTO DA OBRA SOFREU AUMENTO INJUSTIFICADO
Em 2011, o referido projeto integrou a “Comissão de Desenvolvimento Urbano” junto a outros dois “elefantes brancos” da Prefeitura, cujos processos de execução foram repletos de erros, ineficácia e intermináveis desvios: as obras na Linha Verde Norte (trecho da BR-476) e o Viaduto Estaiado (na Avenida Coronel Francisco H. dos Santos). À época, o custo para a construção da trincheira completaria um orçamento de R$ 174 milhões – dos quais R$ 165 milhões seriam financiados pelo Governo Federal e o restante por recursos do próprio município.
No dia 15 de junho de 2011, conforme foi publicado no Diário Oficial de Curitiba e divulgado pela portaria MCid nº 219, o investimento no projeto estava estimado em R$ 14 milhões, valor extremamente inferior à cifra divulgada na recente licitação.
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Imagem em destaque: Prefeito de Curitiba busca promover obras que prejudicam população local. Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo