Estudantes independentes ocuparam, do dia 13 a 18 de janeiro, a copa do campus Matinhos da UFPR, sala vizinha ao gabinete da Diretora do Setor Litoral, conquistaram uma reunião de dois dias com o Pró-Reitor de Pertencimento e Políticas de Permanência Estudantil e assim arrancaram da burocracia universitária uma data de reabertura para o Restaurante Universitário (RU) Matinhos.
Segundo um dos participantes, o movimento “foi uma ação autônoma, organizada exclusivamente pelos bolsistas, sem vínculo com qualquer corrente política ou entidade” e foi organizado principalmente por estudantes mães. O RU havia sido fechado no dia 25/01 devido ao fim do contrato com a empresa privada Apetitoy, restaurante que recebia subsídio para que os estudantes pudessem fazer refeições a R$1,30 (ou gratuitamente no caso de estudantes PROBEM). A “compensação” ofertada pela UFPR era um auxílio-alimentação cujo valor correspondia a vinte reais diários. O Pró-Reitor André Vinicius Martinez alegou durante a reunião que entraves burocráticos estavam dificultando a reabertura do RU sob outra direção.
“Estou sem comer. O que é um estudante sem se alimentar? Se alimentando de bolachas e café com leite. A gente não consegue produzir nada, precisamos produzir alguma coisa, estamos aqui para estudar, para adquirir conhecimento e a UFPR não nos dá nenhuma informação [sobre a reabertura], nenhum dos setores […] ninguém tem uma resposta para a gente”, relata uma estudante.
Os estudantes exigiram a reabertura imediata do RU e a extensão do auxílio alimentação, advindo do fim do contrato, até que a reabertura acontecesse, visto que muitos estudantes só conseguem frequentar a universidade com orçamentos apertadíssimos e amparados pelas políticas de permanência estudantil. O Pró-Reitor se comprometeu a manter e aumentar o valor do auxílio em fevereiro, mas não estendeu o auxílio a estudantes que haviam perdido o prazo do edital, que havia sido de uma semana durante o final do semestre 2024/2, ou não conseguiram se inscrever por outros motivos.
Apesar da demora, a pressão estudantil arrancou a promessa da reabertura, anunciada na quinta-feira passada (6/2), e prevista para o dia 24/02. “Consideramos uma vitória a conquista da extensão do benefício e o anúncio da data para a abertura do Restaurante Universitário. Sim, a ocupação foi importante. No entanto, sabemos que ainda está longe do ideal. Deixamos claro para o Pró-Reitor e para a direção que, se os prazos e as promessas não forem cumpridos, a gente volta a ocupar”, declara uma ocupante. Outros estudantes destacam que ainda existem muitos problemas latentes acerca da assistência estudantil na UFPR, como insuficiência do alcance do auxílio-moradia mesmo para alunos que cumprem os requisitos e a insegurança da nova localização do RU, visto que a UFPR aumentou a distância máxima a qual o RU pode localizar-se em relação ao campus.
