PR: Pistoleiros invadem e destroem instalações do quilombo do Varzeão em ação coordenada por empresa

Seguranças da RMS do Brasil invadiram o quilombo do Varzeão (PR) na última sexta-feira (7/3), destruindo instalações. A empresa insiste em ação judicial contra o território, reconhecido pelo Incra em 2023.
Instalações do quilombo destruídas. Foto: Correspondente local

PR: Pistoleiros invadem e destroem instalações do quilombo do Varzeão em ação coordenada por empresa

Seguranças da RMS do Brasil invadiram o quilombo do Varzeão (PR) na última sexta-feira (7/3), destruindo instalações. A empresa insiste em ação judicial contra o território, reconhecido pelo Incra em 2023.

Na última sexta-feira (7/3), o quilombo do Varzeão sofreu um ataque coordenado por seguranças da empresa RMS do Brasil Administração de Florestas Ltda. Os agentes, agindo como pistoleiros, invadiram o território ancestral, ameaçaram moradores e alegaram estar cumprindo uma ordem de reintegração de posse. Localizada próximo a Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira, a comunidade enfrenta há mais de 150 anos disputas pela posse de suas terras, recentemente reconhecidas pelo Incra em portaria de 2023. A Rio Bonito Administração de Reflorestamento, gerida pela RMS, move ação judicial contra o quilombo mesmo após o reconhecimento oficial do território.

O ataque recente não é isolado. Relatos dos quilombolas indicam que seguranças da empresa agem de forma recorrente e truculenta, sendo repelidos pela organização coletiva da comunidade. Para conter as invasões, os moradores adotaram medidas de autodefesa, como rondas periódicas, revistas de veículos e a instalação de cinco porteiras estratégicas.

Durante a invasão de 7 de março, os pistoleiros destruíram um barracão comunitário e equipamentos, incluindo um fogão a gás, enquanto proferiam ameaças como “Não queremos nenhum quilombola dentro do território”. A ação ocorre em um contexto histórico de violência: registros do Mapa de Conflitos (Fiocruz) documentam incêndios de casas, expulsões forçadas e até a destruição de uma escola em ataques anteriores, como os ocorridos em 1959 e 1969 sob comando do então governador Moisés Lupion.

Acampamento antes da destruição. Foto: Correspondente local.

A comunidade denuncia a omissão do judiciário, que não apenas falha em proteger os quilombolas, mas também ignora denúncias reiteradas contra as ações dos seguranças. Os moradores exigem a suspensão imediata dos ataques e a implementação de medidas efetivas para garantir a integridade do território, reconhecido pelo Incra como área de 7.242 hectares em 2023. A resistência local segue mobilizada, mantendo práticas ancestrais de manejo ambiental documentadas em estudos acadêmicos, como a pesquisa de Jurandir de Souza (UFPR, 2014), que destacou a resiliência cultural do quilombo frente às pressões econômicas na região.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: