Na tarde do dia 18 de março, terça-feira, novamente a Polícia Militar de Londrina protagonizou um episódio de violência covarde contra a população periférica da cidade, onde, recentemente, no dia 15 de fevereiro, dois jovens trabalhadores e inocentes, Wender e Kelvin, foram covardemente executados pela PM, conforme reportado pelo AND.
Atendendo a uma ocorrência, o 30º BPM (Batalhão de Polícia Militar) compareceu ao Colégio Estadual Polivalente, no bairro Jardim Santa Rita. Segundo informações obtidas pelo AND, a diretoria do colégio teria chamado a Polícia Militar para “auxiliar” com uma briga envolvendo estudantes do colégio. Ao chegar no local, a PM teria rendido e agredido fisicamente algumas crianças, dentre elas uma de 9 e outra de 8 anos de idade, sendo esta última sobrinha de Vanessa da Costa, mãe de Wender, um dos jovens assassinado pela PM no início deste ano.
Segundo relata Vanessa, ela teria recebido uma ligação da cunhada denunciando que a PM estava agredindo seu sobrinho na frente do colégio, junto com outras crianças, e, desesperada, foi ao local junto de seu outro filho, Wesley, de 19 anos, para apurar a situação. Ao chegar lá, presenciou a agressão covarde dos PMs e começou a gravá-los e transmitir em live no Instagram, denunciando a ação truculenta e criminosa da Polícia contra seu sobrinho e as crianças do colégio e do bairro.
Os PMs, ao perceberem a gravação e identificarem que eram moradores do Bratac, bairro dos jovens assassinados, e que quem gravava era a própria mãe de um deles, reagiram com brutalidade e desrespeito. Segundo denúncias dos presentes, dentre eles Sirlene, a mãe de Kelvin, outro jovem assassinado, os policiais teriam desferido inúmeros tapas no sobrinho de Vanessa, de apenas 8 anos de idade, e quando ela, o filho e mais outros moradores tentaram intervir, foram recebidos também com violência, utilizando-se, inclusive, de spray de pimenta.
Vanessa e seu filho Wesley, por terem ousado defender as crianças e denunciar a ação criminosa da polícia, foram detidos de maneira truculenta, jogados para dentro da viatura e encaminhados à Central de Flagrantes. Uma equipe do Comitê de Apoio ao AND de Londrina, que tem acompanhado o caso desde o princípio e realizado ampla propaganda da luta das famílias, foi até a delegacia acompanhar a situação. Chegando ao local, iniciou-se a gravação e alguns dos policiais fascistas foram flagrados gesticulando e mandando “beijinhos” para tirar sarro das famílias e da cobertura do jornal.
Vanessa e Wesley foram soltos mediante pagamento de fiança, acusados de desacato, tendo que pagar 2 mil reais para serem liberados, o que só ocorreu por volta das 2 horas da manhã do dia 19. Amigos e familiares somaram suas economias para conseguir libertá-los o mais cedo possível, mas foi necessário tirar o dinheiro do fundo levantado para o pagamento da perícia de Wender e Kelvin, estimada em quase 50 mil reais.
Este episódio se dá dentro de uma crescente onda de repressão e terror contra as massas da periferia, especialmente do Bratac. Ainda no início deste mês, no dia 1º de março, policiais realizaram uma batida na casa da irmã de Vanessa, invadindo e depredando sua residência. Recentemente, um PM foi flagrado dando um tapa num morador que passava ao lado da viatura que circulava no bairro. E um dia após o episódio da prisão de Vanessa e Wesley, viaturas adentraram o bairro, cercando alguns moradores ao bloquearem as saídas das ruas com os veículos, saindo com cães pelas ruas para amedrontar os moradores.
Esta brutal e covarde agressão por parte da PM de Londrina certamente é mais uma ferida enorme no coração dessas famílias, já tão violentadas por este Velho Estado, entretanto, os moradores do Bratac e a população de Londrina em geral têm demonstrado dia após dia o espírito e a vontade implacáveis que guiam e continuarão a guiar a justa luta das massas pobres e oprimidas da região, assim como de todo o Brasil. Há mais de um mês, a população vem realizando massivos e violentos protestos, no seu justo direito de exigir justiça contra os assassinos de Wender e Kelvin, assim como de inúmeros jovens da periferia de Londrina e de todo o Brasil. Recentemente, outra manifestação foi realizada, onde os moradores do Bratac paralisaram a BR-369, ateando fogo na rodovia e expondo os rostos dos 4 PMs assassinos. O AND está em contato com as famílias e segue acompanhando o caso.