Repercutimos a seguir nota do movimento “Alvorada do Povo” encaminhada à redação de AND. No informe o movimento noticia a luta que estudantes do curso de Letras têm travado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), assim como a Carta emitida pelo corpo discente do curso onde denunciam e cobram medidas da instituição sobre a Resolução CNE/CP nº02/2015 .
Os alunos do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vêm travando uma árdua e longa luta contra uma falsa reforma curricular que atingiria todos os novos ingressantes no curso.
Em maio de 2015 iniciou-se um grande debate sobre a iminência de uma reforma curricular no curso a fim de acatar à Resolução CNE/CP nº02/2015, que obriga os cursos a colocar maior carga horária de matérias de educação nas grades curriculares das licenciaturas.
Num processo pouco democrático, após extensas reuniões dos diversos departamentos e áreas envolvidas, o Colegiado de Letras aprovou a reforma em uma de suas reuniões, indo contra a opinião de grande parcela do corpo docente e da maioria do corpo discente do curso. Essas propostas, agora aprovadas e tornando-se processos dentro do Setor de Ciências Humanas da UFPR, foram então, hoje (25/09) à reunião do Conselho Setorial para apreciação e aprovação.
O Centro Acadêmico de Letras, que desde o início do processo promoveu um amplo debate entre todos os alunos de Letras, mobilizou diversos estudantes (e aqui não só de letras, mas estudantes de psicologia, de geografia, de história, entre outros…) para não deixar que os processos referentes à reforma fossem aprovados na Reunião Setorial, entendendo que a reforma dos currículos do curso diminuiriam em pelo menos 1/4 as entradas de pessoas na universidade, além de aumentar a carga horária de um curso que já tem seu currículo inflado que dificilmente é possível terminar no estimado de 4 anos e meio. A reforma ainda acabaria com o núcleo comum de disciplinas entre todas as habilitações (que hoje somam 54 no total, com línguas como, além do português, inglês, espanhol, alemão, francês, italiano, japonês, polonês, grego e latim, podendo os alunos escolher entre licenciatura e bacharelados em 3 áreas distintas), fazendo com que todas as línguas que não são o português ficassem sem disciplinas fundamentais para a formação do profissional de letras, sucateando ainda mais a formação de professores e de profissionais qualificados.
Desse modo, através de falas muito inflamadas e apresentando uma carta com uma postura firme dos alunos, evidenciando ainda a necessidade de uma universidade com democracia estudantil e autonomia universitária, numa gloriosa vitória do movimento estudantil, conseguimos retirar os processos da pauta da reunião do Setor de Ciências Humanas, obtendo ainda a declaração do corpo docente de que, a partir de agora, será promovido um debate democrático sobre a reforma curricular, com os discentes ativamente envolvidos no processo de construção das grades, a fim de construir uma grade curricular que atenda melhor às necessidades dos estudantes de letras, visando a construção de uma educação pública de maior qualidade, com profissionais mais qualificados para atender às necessidades de aprendizagem do povo brasileiro a respeito de língua e linguagem.
Clique aqui para acessar a Carta divulgada pelos estudantes.