No último dia 3 de dezembro, servidores públicos e trabalhadores da educação de Curitiba e do interior do estado enfrentaram um duro cerco policial durante ocupação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), em protesto contra a proposta de aplicação da “reforma” da Previdência aos servidores estaduais. A repressão resultou em pelo menos duas pessoas feridas e outras quatro detidas.
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A ocupação ocorreu após ato em que milhares de manifestantes foram às ruas de Curitiba contra as medidas propostas pelo governo de Ratinho Jr., referentes principalmente à aposentadoria dos servidores públicos. Além disso, também foram levantadas pautas como a data-base, o fechamento de turmas noturnas do Ensino Estadual e a falta de reajuste salarial da categoria.
A manifestação teve início de manhã, com uma grande concentração na praça 19 de Dezembro, no Centro Cívico, com cerca de 2 mil pessoas, entre professores, alunos e servidores públicos, tanto de Curitiba quanto do interior do estado. Mais de 50 ônibus vieram de cidades como Cascavel, Londrina, Paranavaí, Maringá, dentre outras.
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Por volta das 11 horas, os manifestantes marcharam em direção ao Palácio do Iguaçu e à Alep onde aconteceria a aprovação do texto referente às mudanças da Previdência estadual. No local, a segurança da Assembleia divulgou que seriam distribuídas apenas 250 “senhas” para entrada no prédio, o que causou indignação generalizada entre os já quase 5 mil servidores presentes, que começaram a se organizar para entrar e implodir a sessão.
Impedidos de acompanharem a votação que atingia seus interesses pela repressão, os manifestantes não se intimidaram e forçaram a entrada na plenária, derrubando o portão da Alep e lotando as bancadas. Derrubaram também a principal porta de acesso à sessão, mas foram impedidos de entrar pelo forte policiamento que se estruturava no local. A Polícia Militar (PM), num ato covarde de repressão, usou gás de pimenta e bombas de efeito moral contra os manifestantes, mesmo dentro das dependências do prédio, tornando necessário atendimento médico a várias pessoas. Após o confronto, a sessão foi suspensa e alguns servidores permaneceram acampados em frente a Alep, enquanto outros mantiveram a ocupação do prédio.
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Greve dos servidores da educação
A greve dos servidores estaduais da educação teve início no dia 2 de dezembro, com paralisação parcial dos servidores. Segundo levantamento da APP-Sindicato, cerca de 80% das escolas estaduais aderiram à greve. No dia 3, além da manifestação, os professores também realizaram uma assembleia, em que votaram pela continuidade da greve e entraram em estado de assembleia permanente.
Um professor de Francisco Beltrão expressou sua indignação com a direção de centrais sindicais conciliadoras, colocando também que o servidor público não deve pagar as contas da ingerência desse velho Estado. “O servidor publico está sendo apontado como vilão da crise do estado, sabemos que é falacioso, o único caminho que temos é a mobilização, a greve, essa luta”, disse ele. Também foi apontada pelo professor a questão do fechamento de perícias médicas nas regionais, forçando os servidores a se deslocarem até a capital para obter o serviço.
Outra professora, representante da APP-Sindicato, também se manifestou com relação à importância da adesão da categoria “nessa luta tão importante, que é com certeza a mais agressiva no campo dos direitos dos trabalhadores”. A professora disse que “é nosso dever hoje como servidores estar na rua garantindo o direito das próximas gerações, da nossa e principalmente dos que já lutaram, frente a essa brutal reforma”.