Trabalhadores em greve contra a exploração de TCCC exigem pagamento de salário atrasado bem como de outros direitos. Foto: Banco de dados AND.
A cidade de Maringá amanheceu no dia 08 de fevereiro sem nenhum ônibus circulando. Foi decretada a greve dos trabalhadores do transporte público da cidade e da região e, passados quatro dias, a greve permanece forte e os trabalhadores afirmam que só voltarão ao trabalho com uma proposta digna por parte da empresa contratante, a Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC).
Trabalhadores não aceitam ser massa de manobra
Tentando pressionar a prefeitura por maiores isenções e repasse de verbas públicas, a TCCC deixou de pagar parte do último salário dos trabalhadores, alegando que não possuía dinheiro em caixa para o pagamento integral. Com isso, a empresa esperava jogar os trabalhadores e a opinião pública contra a prefeitura, isentando-se assim de qualquer responsabilidade.
Após o início da greve fomentada pela empresa, os trabalhadores passaram a exigir não só o pagamento do salário atrasado, mas também a quitação de várias promessas e dívidas que a empresa tinha com os mesmos há anos. Desesperada, a TCCC tentou acalmar os ânimos dos empregados pagando apenas a parcela atrasada do salário, o que não surtiu efeito. Após três dias de greve, enfrentando as vozes da conciliação, do monopólio de imprensa reacionário e ameaças de juízes, o movimento segue firme, enquadrando prefeitura e empresa em luta por seus direitos.
Trabalhadores da empresa TCCC reunidos para discutir a greve, um deles segura o jornal AND. Foto: Banco de dados AND.
Mas quem é a TCCC?
A empresa detém o monopólio do transporte público na região de Maringá há décadas e é parte pequena do monopólio gigante ao qual pertence. Conforme relatado pelos trabalhadores e facilmente confirmado na internet, a TCCC é apenas uma das centenas de empresas que a família Constantino detém – dentre elas, a gigante do ramo de aviação GOL.
Sócio majoritário desta, a família Constantino atua também em diversos setores, perpassando empresas de engenharia, construção civil, hotelaria, shoppings e, como não podia de ser, o agronegócio – ou latifúndio.
Constantino
Como de praxe com monopólios envolvidos com o velho Estado e com o latifúndio, a família bilionária, em especial seu “patriarca”, já foi acusada e até condenada por diversos crimes. Para não tornar a lista longa, destaca-se apenas alguns. Em 2001, o INSS apontou uma dívida de R$ 240 milhões das companhias de ônibus da família. Em 2009, “Nenê” Constantino foi acusado de ser o mandante do assassinato de oito pessoas, entre as quais o líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito. Por fim, seu nome também já constou na lista de empregadores que exploram trabalho escravo, numa fazenda em que era sócio. Beneficiário da “justiça” do velho Estado brasileiro, o magnata foi absolvido ou “condenado a prisão domiciliar” por esses e outros crimes.
Mais uma vez, a greve
/////////Dentre as várias reivindicações dos trabalhadores, destacam-se algumas: 1) o pagamento das parcelas atrasadas da Participação nos Lucros e Resultados (PLR); 2) o reajuste salarial, que não ocorre há dois anos; 3) a adequação da escala de trabalho – atualmente, vários motoristas trabalham 10 ou mais horas por dia; 4) o pagamento das horas extra realizadas e 5) o reajuste do vale alimentação de R$90.
Mesmo submetidos a condições de trabalho precárias, os motoristas ainda dizem à população que querem voltar a atendê-la o mais cedo possível, porém afirmam que a condição para isto é o recebimento daquilo que lhes é de direito, e convidam toda a população a apoiá-los nesta justa greve – que é a maior das últimas décadas.