O presidente alemão Frank-Walter Steinmer dissolveu hoje (27/12) a câmara baixa do parlamento do país e convocou eleições antecipadas para o dia 23 de fevereiro de 2025. A decisão foi tomada após os parlamentares aprovarem uma moção de desconfiança do chanceler Olaf Scholz no dia 16/12.
A câmara baixa do parlamento alemão é chamada Bundestag e tem 736 assentos. O chanceler é uma espécie de chefe de governo, como um primeiro-ministro.
O presidente alemão disse que “especialmente em tempos difíceis, como agora, é necessário um governo estável capaz de agir e com maiorias confiáveis no Parlamento.”
O episódio é mais um sinal da crise do sistema imperialista pelo globo, em geral, e da democracia burguesa em particular – bem como do falso caráter democrático desse sistema. Apesar da dissolução do Parlamento ser legal em países como a Alemanha e a França (que também passou por uma dissolução esse ano), os episódios, cada vez mais frequentes e generalizados, mostram o nível de instabilidade no globo.
Na Alemanha, a crise política se escancarou depois de Olaf Scholz ter demitido o ministro das Finanças Christian Lindner, em novembro. Depois da demissão, o partido de Scholz (Democratas Livres; FDP, na sigla em alemão) deixaram do governo, o que levou Scholz a perder a maioria.
Com isso, a oposição avançou com um voto de desconfiança contra Olaf Scholz e consolidou o colapso do governo. A moção foi aprovada por 394 deputados contra 207 (outros 116 se abstiveram).
A extrema-direita tende a tentar a pavimentar um caminho para as próximas eleições, com o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) em segundo colocado. O primeiro colocado na disputa é Friederich Merz, reacionário do partido União Democrata Cristã.
Deformação
O caso sela mais um exemplo de instabilidade e crise política em uma potência imperialista europeria nos últimos anos.
Além da Alemanha, a França também passou por momentos de crise. Um dos episódios foi quando o presidente francês Emmanuel Macron dissolveu o parlamento em 9 de junho de 2024 após a extrema-direita superá-lo nas eleições para o Parlamento Europeu. As eleições foram feitas entre os dias 30 de junho e 7 de julho. A coalizão de falsa esquerda formada para a eleição conseguiu superar a extrema-direita e formar maioria no governo.
Outro caso de crise na França e deformação do Estado burguês (mesmo que por vias institucionais) foi a aprovação da reforma da previdência em 2023. Com medo das massivas manifestações de meses nas ruas da França, o governo francês usou do artigo 49.3, que permite aprovar uma medida sem votação, para aprovar a contrarreforma.
Nos últimos anos, o Reino Unido (outra potência imperialista europeia) também passou por vários momentos de crise política. Frente a instabilidade social e econômica no país, dois primeiros-ministros renunciaram em sequência em 2022: Boris Johnson, que desistiu do cargo no dia 7 de julho de 2022 e Liz Truss, que abandonou o posto no dia 20 de outubro depois de somente 45 dias de gestão. Quando Truss saiu do cargo, ela chegou a reconhecer o momento de “grande instabilidade econômica e política internacional”.