Preso político há 17 anos, Norambuena é transferido de penitenciária

Preso político há 17 anos, Norambuena é transferido de penitenciária

Mauricio Hernández Norambuena Foto: Reprodução/Facebook

Preso político do velho Estado brasileiro, o chileno Mauricio Hernández Norambuena – que entre seus companheiros de armas da Frente Patriótica Manoel Rodrigues (FPMR), organização a qual dirigiu, era conhecido como “Comandante Ramiro” – foi transferido para uma penitenciária estadual de São Paulo após ser mantido por 12 anos no atroz Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em diferentes prisões federais.

A FPMR foi uma organização político-militar que empreendeu a luta armada contra o regime militar-fascista de Pinochet no Chile na década de 1970, estendendo suas ações durante os anos de 1980 e início de 1990.

Norambuena foi condenado a duas prisões perpétuas no Chile, acusado de planejar e justiçar, em 1991, o senador reacionário Jaime Guzmán, colaborador de Pinochet, e pelo sequestro de Cristián Edwards, herdeiro do jornal reacionário El Mercurio. Norambuena ficou mundialmente conhecido por sua fuga da prisão que contou com o apoio de um helicóptero e voltou a ser capturado no Brasil, em 2002, em operação policial durante o sequestro do publicitário Washington Olivetto.

Masmorra de tortura

O RDD, ao qual Norambuena foi mantido durante mais tempo que qualquer outro preso no Brasil, consiste em um cubículo de concreto de 2×3 metros no qual o prisioneiro é mantido em completo isolamento, com acesso restrito à água, leitura restrita muitas vezes à da Bíblia (único objeto pessoal permitido aos presos na cela), com apenas duas horas de banho de sol por dia, sem acesso a objetos pessoais, contato com outros presos ou assistência médica.

Durante toda sua prisão, os familiares e a defesa de Norambuena coordenaram uma campanha internacional de solidariedade e denúncias de sua condição de prisioneiro político, que muitas vezes teve sua saúde debilitada devido às péssimas condições carcerárias e às condições desumanas impostas aos presos do RDD.

Após 12 anos de ilegalidades, Norambuena segue enfrentando os cárceres no Brasil. Existe uma ordem de extradição contra Norambuena que ainda não foi cumprida, pois a legislação no Brasil não admite (até então) que ele seja enviado para cumprir suas condenações de prisão perpétua no Chile e condiciona a sua extradição à redução de suas condenações para penas máximas de 30 anos, a exemplo do que vigora no Brasil.

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