O presidente oportunista Luiz Inácio (PT) indicou a seus aliados que não participará dos atos em homenagem ao 1° de maio, Dia do Internacionalismo Proletário, em São Paulo (SP). O presidente vai substituir sua presença por um anúncio gravado para ser transmitido em rede nacional.
Luiz Inácio não explicou exatamente porque não vai participar das manifestações. Justificou que é porque precisa descansar depois de duas viagens internacionais – uma dela à Roma, para o enterro do Papa Francisco. Nos bastidores, contudo, a especulação central é que Luiz Inácio não quer participar de um novo “festival” esvaziado, como foi o de 2024 – o que pode pegar mal para sua imagem.
Em 2024, a “festança” organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras centrais sindicais em frente à NeoQuímica Arena reuniu cerca de 2 mil pessoas, segundo o monitor da USP. Esse ano a perspectiva era que o ato seria ainda pior, visto que, de lá para cá, a popularidade do governo caiu e que, esse ano, a CUT vai fazer o ato separado das outras centrais sindicais. Enquanto a Central Única vai se concentrar no ABC Paulista, as outras centrais vão se reunir na Praça Campo de Bagatelle.
Outro fator é que, este ano, as manifestações em São Paulo têm pautas nas quais Luiz Inácio não está bem na fita. Uma delas é a greve dos motoristas de aplicativo, que é uma das pautas centrais em um cartaz divulgado pela Liga Operária, pelo Movimento Classista dos Trabalhadores da Educação (Moclate) e pela Liga Anti-Imperialista. Desde o início do governo, Luiz Inácio não é muito bem visto entre o setor, mas o presidente viu a imagem piorar nos últimos anos.
Em 2024, lideranças do setor, como o diretor da Fembrapp (Federação dos Motoristas por Aplicativos), Denis Moura, criticaram abertamente o governo pelo projeto de falsa regularização aprovado por Luiz Inácio e pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Ele chegou a dizer em uma entrevista ao Poder360 que o projeto “só serve para o governo arrecadar mais com contribuição previdenciária”, e que “o governo determinou um ganho mínimo abaixo do que a gente já faz”.
Esse ano, os motoristas voltaram a demonstrar sua fúria e insatisfação com a sua situação em uma potente greve nacional nos dias 31 de março e 1° de abril. Dias depois da greve, Luiz Inácio se pronunciou sobre o movimento, mas ignorou todas as exigências e disse que abriria uma linha de crédito para a “compra de motos”. O escárnio foi denunciado pela Liga Operária, em nota que pode ser lida aqui.
A nota também ressaltou o impacto do “breque dos apps” em SP, onde Luiz Inácio evitará estar. “Na capital paulista, mais de 2.000 entregadores realizaram uma vibrante motociata na Avenida Paulista. Os motociclistas se concentraram, em protesto, na frente da sede do Ifood. Revoltados, os trabalhadores bloquearam os principais shoppings da capital, impedindo a saída de pedidos via delivery. O resultado do movimento foi muito expressivo. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SP), aqueles estabelecimentos que operam exclusivamente com o iFood tiveram queda de 100% nas entregas, enquanto aqueles que usam múltiplas plataformas registraram redução de 70% a 80% no volume de pedidos.”
E pontuou que: “justamente em São Paulo, onde o movimento alcançou grande participação dos motociclistas e se radicalizou em cenas como ‘fura-greve’ serem escoltados pela polícia frente a massa enfurecida, é que a postura do PT foi mais vergonhosa. Atacaram os manifestantes como ‘bolsonaristas’ já que não aceitaram a regulamentação “proposta” pelo governo.”
E há outros setores insatisfeitos com o governo, inclusive e particularmente em SP. O 1° de maio deste ano também promete condenar a violência policial crescente no estado e no País, e que recentemente despertou a ira dos vendedores ambulantes com o assassinato cruel do congolês Ngange Mbaye. Luiz Inácio, apesar de não ter gerência direta sobre as PMs dos estados, pouco fez nos últimos três anos para conter a violência policial. Pelo contrário, o País observou recentemente a aprovação de uma medida no Supremo Tribunal Federal (STF) que tende a aumentar os casos de assassinatos de pessoas por agentes do Estado, a ADPF 635. A medida foi criticada recentemente pelo diretor da IDMJRacial, Fransérgio Goulart em entrevista ao monopólio terra.
Além disso tudo, a negativa do presidente da república ocorre em um momento de elevada queda na popularidade em meio às massas populares, chegando a mais de 56%, segundo a última pesquisa da Genial/Quaest, divulgada no dia 2 de abril. Destaque que a reprovação é grande entre um grupo precioso nas mobilizações: os jovens (64%), setor que sofre com taxas de desemprego galopantes, na faixa de 14,3% durante o quarto trimestre de 2024, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Outro aspecto que preocupa profundamente a juventude trabalhadora é a alta na informalidade, que atinge 38,5% da população jovem ocupada, de acordo com a pesquisa FGV Ibre, divulgada no dia 11 de abril com base nos dados da pesquisa PNAD contínua do IBGE .