Prisão do deputado bolsonarista e o ‘tuíte’ de Villas Bôas

Prisão do deputado bolsonarista e o ‘tuíte’ de Villas Bôas

STF foi incapaz de tomar qualquer medida em relação ao general e ex-comandante do Exército, Villas Bôas, que admitiu ter interferido nas decisões da corte “suprema” do país. Foto: SCO/STF.

A prisão do deputado federal bolsonarista, Daniel Silveira, por publicar vídeo ofendendo o Supremo Tribunal Federal e advogando pelo seu fechamento – após os ministros do STF “repudiarem” o ato golpista admitido por Villas Bôas – é sintoma do momento histórico do país, em vários ângulos.

Primeiro, que seja dito: trata-se, esse sujeito, de um digno representante do que há de pior no lumpesinato; que, como policial militar, foi avaliado por seus superiores como inadequado “ao serviço policial militar” (mesmo para os padrões da PM do Rio, que por si só é muito semelhante a um bando delinquente!). É ele um projeto de ensandecido, se queremos ser precisos.

A fúria do bolsonarista falastrão contra o STF é mostra do quão encorajada está a sua corja pela presença de um dos seus na presidência da República. E mais: encorajados, todos os reacionários e fascistas, pelo golpe de Estado posto em marcha em 2015 por este generalato anticomunista, amedrontado que se acha diante do perigo de rebelião popular e de Revolução. Não que o STF seja a antítese da extrema-direita ou do golpe por vias brancas dos generais; é uma instituição reacionária mantenedora de toda a ordem de exploração e opressão com “boas maneiras”, portanto, diante da ofensiva contrarrevolucionária, pusilânime por natureza.

Já a iniciativa do ministro reacionário Alexandre de Moraes é expressão da pugna entre a centro-direita parlamentar, defensora do “Estado democrático de direito” (por excelência, ditadura disfarçada da grande burguesia e do latifúndio, a serviço do imperialismo), para impor obstáculos, tanto à extrema-direita – que através de sua demonização busca implantar um regime fascista via golpe de Estado já – , como à direita militar, que também lhe desmoraliza para encaminhar um regime de restrições máximas de direitos ultrarreacionário, cujo Poder esteja nas mãos do Alto Comando militar por intermédio, se possível, de um obediente civil (dando, assim, uma aparência, e tão somente isso, de legalidade, respeito às normas jurídicas, à Constituição e tudo o quanto ainda exista para mascarar o regime reacionário do país).

A hipocrisia, todavia, é sem limites no antro dos senhores de toga. Enquanto o ex-comandante do Exército admite pública e notoriamente que todo o Alto Comando militar interveio, por vias brancas, contra uma votação do STF numa questão central da situação política de então através de uma publicação em uma rede social, nada contra ele ou contra os demais comandantes foi feito; já um lumpen miserável, cuja estatura política se assemelha à física de um pigmeu, é preso por publicar um vídeo ridículo. Dois pesos, duas medidas. Afinal, o que podem fazer as “vossas excelências” da suprema corte? Essa é tal “democracia” que dizem defender: um véu constitucional atrás do qual as Forças Armadas tutelam e mandam em tudo, em defesa dos interesses dos grupos mais poderosos das classes dominantes e para explorar mais as massas e classes populares.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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