Trump anuncia reativamento da prisão de Alcatraz, conhecida nos anos 1960 pela sua rotina de torturas

Trump anuncia reativamento da prisão de Alcatraz, conhecida nos anos 1960 pela sua rotina de torturas

O governo dos Estados Unidos (EUA), chefiado pelo ultrarreacionário Donald Trump, ordenou neste domingo (04/05) a reabertura da prisão de Alcatraz, conhecida pelas suas rotinas de torturas e altos índices de suicídios entre os prisioneiros.   

A prisão de segurança máxima, à época conhecida como “Ilha do Diabo” , está localizada na Baía de São Francisco, Califórnia, onde funcionou até 1963, quando chegou a abrigar mais de 200 detentos. Em 1939, o procurador geral dos EUA, Frank Murphy, afirmou que a prisão é inteiramente “propícia à psicologia que constrói uma atitude sinistra e ambiciosa entre os prisioneiros”.  

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De acordo com o plano, publicado em março pelo monopólio de imprensa ianque Washington Post, o Pentágono assumirá o controle da fronteira mexicana e entregará às forças armadas dos Estados Unidos (EUA) o poder de prender “temporariamente” a massa migrante.
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De acordo com a declaração de Trump nas redes sociais, a ideia é não apenas reabrir, mas também expandir a prisão para perseguir os “criminosos crueis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirá com nada além de miséria e sofrimento”. O que chama atenção são os adjetivos, também utilizados pela administração trumpista para designar a população latino-americana e suas famílias, como os centenas de venezuelanos enviados para El Salvador sob a justificativa, sem provas, de serem “criminosos”.

A própria prisão de Alcatraz foi conhecida por aplicar ativamente as práticas racistas, sendo também um local de concentração de ativistas do povo preto. Em 1954, Robert Lipscomb, prisioneiro estadunidense, foi enviado para ser torturado em Alcatraz após organizar os presidiários negros em uma penitenciária no Kansas em manifestações contra a segregação racial. Na prisão, Lipscomb foi colocado na solitária e classificado como um “agitador racial”. 

A penitenciária de Alcatraz foi desativada em 1963, no contexto de fortalecimento do movimento pelos direitos civis do povo preto nos EUA, a um ano do fim da “Jim Crow”, conjunto de leis que até 1964 promoveram a mais brutal segregação racial nos EUA sob a justificativa de uma suposta “natureza maligna” dos cidadãos negros. 

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Fazendo alusão ao período em que as minorias nacionais eram sistematicamente perseguidas, Trump chegou a afirmar que “quando éramos uma nação mais séria, em tempos passados, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar”.

Em seguida, o mandatário ianque emitiu uma nova ameaça aos juízes que se negam a cumprir suas medidas anti-democráticas afirmando que não serão “reféns de bandidos e juízes que têm medo de fazer seu trabalho”. No domingo, ao ser questionado por um repórter, Trump afirmou que “não sabe” se iria respeitar a constituição dos EUA. 

Apesar de ter sido desativada em 1963, a segregação racial em prisões só veio a ser considerada inconstitucional no estado da Califórnia em 2005 pela Suprema Corte dos EUA. Contudo, de acordo com um levantamento da ong Sentencing Project, em 2021 haviam cinco vezes mais prisioneiros negros do que brancos, indicando a continuidade da segregação racial, agora com novos contornos. 

A notícia da reabertura da prisão de Alcatraz se deu menos de um mês após o anúncio da instalação de um grande campo prisional na região da fronteira com o México, a fim de elevar a concentração das massas de imigrantes que tentam entrar nos EUA por terra. Em fevereiro, Trump anunciou o envio de latino-americanos para a prisão de Guantánamo, também conhecida pela sua rotina de torturas deliberadas. 

Uma das primeiras vítimas do envio massivo de imigrantes para Guantánamo foi a brasileira Tarlis Marcone de Barros Gonçalves, que chegou nos EUA no dia 15 de fevereiro, sendo imediatamente detida. Tarlis, cabeleireira de 28 anos, é mulher trans e chegou a ficar detida com mais de 50 homens em uma unidade penitenciária no Novo México. Após ser transferida para Guantánamo, a jovem brasileira seguiu obrigada a ficar confinada em uma cela masculina com apenas uma muda de roupa. Segundo Tarlis, a rotina que enfrenta é de constantes abusos e assédios. Após dias de torturas, a brasileira foi enviada para ser concentrada junto a outros imigrantes no estado da Louisiana.

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