Um evento sionista na Universidade Federal do Ceará foi rechaçado por ativistas da causa palestina no dia 30 de outubro, numa ação de estudantes com faixas de apoio à luta do povo palestino e homenagem a líderes da luta armada por libertação como Yahya Sinwar. Michel Gherman (sionista associado ao Instituto Brasil-Israel e professor da UFRJ) era um dos convidados para representar o sionismo falsamente chamado de “sionismo de esquerda”.
O evento tinha o título “Entre a barbárie e o messianismo: perspectivas para o dia seguinte na atual crise do conflito palestino-israelense”. O objetivo era propagar a ideia de que se poderia criticar o genocídio, mas advogar pela existência do Estado de Israel e um “sionismo moderado”. O evento também foi marcado por mentiras e falsificações contra a Resistência Nacional Palestina.
Justamente quando essas ideias reacionárias eram defendidas, estudantes pró-palestina inundaram a assembleia com bandeiras da Palestina, uma imagem do comandante Yahya Sinwar, uma faixa branca pintada com consignas pró-palestina assinada pela Liga Anti-Imperialista Internacional (LAI) e um cartaz do grande democrata indiano G.N. Saibaba, assassinado pelo Estado indiano depois de 10 anos de prisão.
“Juventude do Iêmen e Palestina, sua luta continua na América Latina” e “Somos estudantes, não somos pacifistas! Viva a luta anti-imperialista” foram os gritos que ecoaram pelo salão enquanto os estudantes caminhavam de forma ordenada até a frente do salão.
“Estamos aqui para repudiar o sionismo. Para nós, não existe sionismo de esquerda, assim como não existia nazismo de esquerda”, disse um ativista. “O sionismo é uma ideologia supremacista, de destruição e de barbárie de centenas de milhares de pessoas não só na Palestina, mas em todo o Oriente Médio”.
A intervenção, feita pela Frente Cearense de Apoio à Resistência Palestina, Coletivo Estudantil Carcará e UJC-RR durou cerca de 30 minutos. “Não é possível que a Universidade Federal do Ceará (UFC). Não é possível que ao tempo em que o sionismo esteja cometendo um genocídio, uma barbárie, a UFC tenha conluio com isso”.
Depois do evento, em conversa com o AND, um ativista questionou que: “Como podem eles se dizerem contra o genocídio estando ligados a uma ala de um Estado fundado sobre genocídio e apartheid? Não dialogamos com o sionismo, assim como não dialogamos com o nazismo e ponto final!”
Os sionistas ouvintes tentaram calar os manifestantes com gritos, alguns agudos e ininteligíveis, mas a intervenção pró-Palestina seguiu até o final. Os estudantes também denunciaram a ligação dos chamados sionistas “de esquerda” com ONGs e instituições vinculadas ao Estado nazisionista, como o Instituto Brasil-Israel, a ONG Stand With Us, e a ONG Standing Together.
A manifestação já atrai apoio de parte progressista da comunidade acadêmica. O Colegiado de Professores dos Cursos de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará lançou uma nota ao reitor da UFC para apoiar o ato. “[Manifestamos] solidariedade aos estudantes que interrompera a palestra, ontem à noite, de um representante de uma ideologia supremacista, o sr. Michel Gherman”, diz a nota.
“Não é possível tratar ‘cientificamente’ do assunto, como alegou aos jornais o Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC, dando voz a quem despreza a palavra e usa as armas contra populações civis”.
O documento, que descreveu a palestra como uma “máscara acadêmica de um discurso de guerra e limpeza étnica”, também defende que: “O Sr. Gherman, em que pese ser professor da UFRJ, antes de tudo é um defensor do apartheid sionista na Palestina. Seria ‘científico’ recebermos educadamente um defensor do apartheid sul-africano? Pensamos que não”.