Profissionais ligados ao Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino Oficial do Recife (SIMPERE) decidiram entrar em estado de greve na tarde do dia 10 de abril após uma assembleia na qual discutiram a proposta de reajuste salarial. Durante o encontro, a prefeitura propôs um reajuste de 1,5%, com retroativo a janeiro, além de um acréscimo de R$ 1 no tíquete-alimentação para todos os servidores municipais — proposta considerada decepcionante pelos professores.
A assembleia aconteceu ao mesmo tempo em que representantes da categoria participavam de uma rodada de negociação com a administração municipal. Segundo o SIMPERE, a proposta apresentada deixa claro a “falta de comprometimento da gestão com a valorização dos profissionais da educação”.
A campanha salarial de 2025 começou ainda em dezembro do ano anterior, com o lema “Pelo Piso e pela Carreira”, cobrando a aplicação da Lei Federal que garante o Piso Salarial Nacional do Magistério. Para este ano, o reajuste estipulado é de 6,27%, impactando toda a estrutura da carreira e com pagamento retroativo a janeiro. No entanto, os professores da rede municipal do Recife já demonstravam desconfiança quanto ao cumprimento desse percentual por parte da prefeitura.
Os professores também possuem outra reivindicação relacionada à aplicação dos percentuais do piso salarial nos anos anteriores. Em 2022, por exemplo, o percentual estipulado era de 33%, com base no cálculo do Custo Aluno-Qualidade (CAQ), mas apenas 23% foram efetivamente incorporados aos salários da categoria em atividade. O CAQ é um parâmetro que calcula quanto deve ser investido por aluno para assegurar uma qualidade mínima na educação básica.
Reajuste de um real no tíquete é imoral, João Campos, pague o que deve às professoras e professores do Recife! , A educação de Recife tem o pior salário em linha reta, A luta é pela valorização da carreira! foram as consignas dos cartazes utilizados pelos professores durante a assembleia.
Diante disso, há uma previsão de paralisação nacional dos professores no dia 23/04. Uma nova reunião setorial está marcada para o dia 24/04, e uma mesa de negociação geral,com participação do SIMPERE, está agendada para o dia 28/04. Também está prevista uma assembleia no dia 6 de maio, onde será decidida a possibilidade de deflagração de greve.
Além das questões salariais, o SIMPERE também denuncia as condições precárias de trabalho nas escolas da rede municipal e reivindica a presença de auxiliares em sala de aula para atender estudantes atípicos.