Projetos estruturantes valorizam terras no Nordeste setentrional

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Projetos estruturantes valorizam terras no Nordeste setentrional

O Nordeste setentrional é composto por quatro estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Excetuando a Zona da Mata na sua porção leste, grande parte desta região faz parte do Semiárido, região que é acometida por estiagens e secas recorrentes. O Semiárido é, do ponto de vista econômico e social, a região mais pobre do País, e é também, por esta condição, a região mais explorada.  

A Transposição do Rio São Francisco e a ferrovia Transnordestina são obras estruturantes implantadas no Nordeste setentrional, propagandeadas pelo governo como a redenção da região. A Transposição permitirá o desenvolvimento da agricultura irrigada em manchas de solo férteis no Semiárido, sobretudo nas margens dos canais, dos rios receptores e dos açudes integrados. A Transnordestina, por sua vez, objetiva o escoamento da produção desta região via portos de Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. 

O dimensionamento da Transposição prevê a adução de um grande volume de água, de até 99m²/s no eixo norte e 28m²/s no eixo leste. Já a Transnordestina está dimensionada para transportar 30 milhões de toneladas de carga por ano. É evidente que estes projetos foram dimensionados para um tipo de produção incompatível com a pequena produção camponesa, pois não se construiria um gigantesco sistema de adução de água e uma imensa ferrovia ligada a portos para beneficiar pequenos produtores, que na sua grande maioria praticam uma agricultura de subsistência.

Percebe-se que estes são projetos semicoloniais do velho Estado burocrático em benefício do latifúndio e da burguesia, e isto fica claro pelo volume de recursos investidos e pelos objetivos que eles cumprem. Para se ter uma ideia, o montante de recursos previstos nestes projetos pelo governo federal soma R$ 26 bilhões (R$ 14 bi na Transposição e R$ 12 bi na Transnordestina), recursos que se destinam a beneficiar o capital burocrático, através das grandes empreiteiras, e viabilizar, além disso, a produção do agronegócio na região, isto é, do latifúndio agroexportador.  

É necessário apontar, entretanto, que estes projetos representam riscos enormes para os camponeses da região, especialmente para aqueles que têm suas terras nas margens da ferrovia, dos canais e dos rios receptores, isto por conta da valorização destas terras por sua melhoria em relação a fatores locacionais como oferta de transporte e fertilidade do solo, o que atiça a cobiça do latifúndio.

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