Protestos multitudinários agitam o Chile, Índia, França e Polônia

Protestos multitudinários agitam o Chile, Índia, França e Polônia

Nas primeiras semanas de dezembro, seguiram-se grandes protestos no Chile, Índia, França e Polônia. Os protestos assumiram grandes dimensões, canalizando a revolta das massas trabalhadoras desses países contra os efeitos da crise econômica, a retirada de direitos e a repressão policial.

Juventude combatente chilena responde à violência policial nos protestos

No Chile, dando continuidade aos protestos que sacodem o país desde outubro de 2019, manifestantes seguiram tomando as ruas em Santiago, Valparaiso, Antofagasta e outras cidades do país. A revolta popular cresce atacando o velho Estado, a polícia chilena (os “carabineros”) e o presidente reacionário Sebastian Pinera. 

Os carabineros reprimiram a rebelião com jatos de água adulterada, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, detendo com violência até mesmo menores de idade. Os manifestantes, por sua vez, ergueram barricadas e atacaram a polícia com fogos de artifício, pedras e coquetéis molotov. Além disso, houveram registros de diversos ônibus incendiados.

Membros da brigada de saúde são atacados pelos jatos de água dos Carabineros. A brigada de saúde é composta por voluntários da área da saúde que participam dos protestos socorrendo feridos. Foto: Ivan Alvarado.

Camponeses se revoltam na Índia

Na Índia, as massas camponesas seguiram a greve e ocupação de Nova Déli para barrar as novas leis de contrarreforma agrária. A medida busca aumentar a exploração no campo pelos mandos do latifúndio e do capital monopolista. Diversos protestos de camponeses também ocorreram em distritos de Punjab e Haryana. A greve também teve adesão de trabalhadores urbanos, também alvos de contrarreformas e privatizações. No dia 26/11, a greve organizada pelos operários e camponeses contabilizou um recorde histórico de 250 milhões de pessoas.

Apesar de promessas de “diálogo” e supostas concessões por parte do governo de turno reacionário, os camponeses não recuaram e reafirmaram que não querem negociações, mas sim o descarte das novas leis. Eles ainda prometeram que, caso não fossem ouvidos com urgência, bloqueariam todas as rodovias da cidade.

Camponeses acampam em fronteira próxima à Nova Déli. Foto: PTI.

França: manifestantes conseguem derrubar decreto de segurança antipovo

Na França, seguiram ativos os protestos que se iniciaram em 17/11 contra um projeto de lei de “segurança global” de caráter ultrarreacionário. Dentre os principais pontos do projeto de lei estava a proibição de fotografias e filmagens de policiais em ação e a ampliação dos métodos de espionagem por parte do Estado imperialista. Concedia, por exemplo, acesso a câmeras de segurança de lojas e prédios à polícia, além da utilização de drones com tecnologia de reconhecimento facial, que tornaria ilegal a filmagem de policiais em ação, ampliando, desta forma, a repressão contra as massas. A lei foi derrubada no dia 30/11 pela intensa mobilização das massas, cinco dias após ter sido aprovada. 

Manifestantes atearam fogo em veículos, fizeram barricadas e quebraram diversas vidraças de lojas e bancos. A repressão deteve mais de 200 pessoas nos dois primeiros finais de semana do mês, inclusive dois menores de idade. Consequentemente, 67 agentes da repressão foram feridos apenas no primeiro sábado.

No dia 05/12, o país contabilizou quase uma centena de protestos, se espalhando por cidades como Marselha, Montpellier e Nantes. Na última, dois policiais foram feridos por um coquetel molotov. Segundo o Ministro do Interior, no mesmo dia, 48 policiais foram feridos apenas em Paris.

Povo parisiense confronta os agentes da reação. Foto: AP.

Protestos populares sacodem a Polônia

Milhares protestam na Polônia pelos direitos reprodutivos femininos. Foto: Anadolu Agency.

Por fim, na Polônia, milhares de pessoas (principalmente mulheres trabalhadoras) seguiram protestando contra a retirada dos já escassos direitos reprodutivos, com a nova proibição do aborto em casos de deficiências congênitas.

No dia 13/12, milhares de pessoas marcharam em Varsóvia (capital do país) até a casa de Jaroslaw Kaczynski, líder do partido de extrema-direita do governo de turno intitulado “Lei e Ordem”. Enfrentando a repressão que cercava a casa e tentava dispersá-los, os manifestantes entoavam palavras de ordem, como Vamos derrubar o governo!

Na noite do mesmo dia, camponeses fizeram um protesto separado em frente à casa de Kaczynski. Enfurecidos com a desvalorização de suas produções por parte do velho Estado polonês, eles deixaram ovos, batatas e um porco morto na porta do líder reacionário. 

Em consonância com a luta pelos direitos reprodutivos femininos, o protesto se deu no aniversário de 39 anos da lei marcial polonesa. A lei, aplicada em 1981 pelos revisionistas do Partido Operário Unificado Polonês, tratou-se de uma medida buscando conter a revolta das massas, sujeitadas à crescente exploração social-imperialista soviética. Com as eventuais políticas de Gorbachev, abriu-se o campo aos anti-comunistas poloneses declarados, que passaram a disputar a liderança do governo de turno, acentuando a miséria do povo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: