Desde de 1886, o 1º de maio é celebrado pelos trabalhadores rendendo honras aos mártires da classe. O proletariado e as massas em luta enfrentaram oportunistas e revisionsitas de todo o mundo derrotando a tentativa de apagar a tradição operária de manifestações, barricadas e confrontos com a reação em lutas classistas reivindicando emprego, salários, terra, pão e pela Revolução Proletária Mundial.
No dia 1° de maio deste ano de 2023, o Dia do Internacionalismo Proletário foi celebrado pela classe operária e massas em luta por todo o mundo com protestos, rebeliões e ações guerrilheiras em dezenas de países. Na Europa, manifestantes franceses voltaram às ruas, e protestos também estremeceram a Alemanha, Inglaterra, Espanha, Dinamarca, Finlândia, Áustria, Noruega e Suécia. Já na Turquia e na Índia, países em que Partidos Comunistas conduzem Guerras Populares, ocorreram manifestações e ações guerrilheiras.
As manifestações na França reuniram milhares de trabalhadores e estudantes contra a reforma da previdência de Macron, aprovada no mês passado. O dia de protestos terminou com confrontos entre policiais e manifestantes nas cidades de Paris, Nantes, Lyon e Marselha. Em Paris, a batalha se iniciou após a polícia reprimir os trabalhadores e estudantes com bombas de gás e sprays de pimenta. Os manifestantes revidaram a agressão com coquetéis molotov e outros objetos e deixaram ao menos 108 militares feridos, dentre eles um gravemente ferido. Em demonstração de internacionalismo proletário, um bloco da manifestação reuniu ativistas turcos da organização Partizan, ativistas da Liga da Juventude Revolucionária e estudantes da Universidade de Sorbonne e Universidade de Nanterre.
Em Lyon, carros foram incendiados e lojas foram saqueadas pelas massas. Em Nantes, barricadas foram erguidas na frente da prefeitura com lixeiras em chamas. Em Marselha, um hotel de luxo foi ocupado temporariamente por manifestantes. Manifestações ocorreram ainda nas cidades de Lille e Rennes, onde apoiadores do jornal Le Cause do Peuple (A Causa do Povo) levantaram consignas pelo internacionalismo proletário e por um 1° de maio revolucionário e ergueram bandeiras da Liga Comunista Internacional.
Protestos e ações guerrilheiras
Na Índia, o 1° de maio foi celebrado com ações guerrilheiras e manifestações. No distrito de Sukma, dois caminhões usados em um campo de construção em Ittapara foram incendiados. A ação ocorreu dez dias depois que guerrilheiros indianos mataram dez agentes do Exército reacionário em uma operação em Chhattisgarh, onde a polícia indiana conduz diversas operações de terror contra as populações originárias locais.
As celebrações ocorreram também em diversas cidades da Turquia, onde manifestantes entraram em confronto com as forças policiais que tentaram impedir os protestos. Em Istambul, ao menos 186 pessoas foram detidas como parte dos esforços da polícia reacionária de impedir os protestos. Apesar disso, os trabalhadores mantiveram o protesto e exigiram a redução nos custos de vida e aumentos salariais.
Ativistas do país ergueram alto as bandeiras de organizações como a Partizan e símbolos históricos da luta do proletariado turco, como a imagem do líder comunista Ibrahim Kaypakkaya. Em mais de um ponto, a polícia tentou confiscar as bandeiras, mas foi impedida pelos manifestantes. Ao menos dez integrantes da organização Partizan foram detidos e o repórter Elif Karakaya, do jornal democrático Yeni Demokrasi, foi levado para a delegacia. Os trabalhadores da imprensa e os ativistas continuavam sob detenção até o final da apuração para esta matéria.
Em Diyabarkir, cidade turca, a polícia fez novas tentativas de interromper os protestos, mas foi impossibilitada pelas massas populares. Jornalistas do jornal Yeni Demokrasi se juntaram à manifestação e levantaram as consignas de Viva o 1° de Maio! e Liberdade para os trabalhadores da imprensa!. As manifestações no país euroasiático já estavam sendo convocadas há dias com atividades de colagens de cartazes e pichações.
Europa estremece
Os trabalhadores protestaram por melhores condições de vida também na Europa, que tem sido palco de greves e manifestações desde o ano passado.
Na Alemanha, 288 mil trabalhadores e estudantes realizaram 398 protestos e celebrações pelo país. Em Berlim, garrafas e fogos de artifício foram atirados na polícia durante a manifestação, que exigia melhores condições de vida. Em Bremen, ativistas revolucionários de diversas organizações venderam jornais revolucionários e divulgaram panfletos sobre a fundação da Liga Vermelha, organização revolucionária fundada no próprio dia 1° de maio. Em diversas cidades alemãs, foram hasteadas na manhã do dia 1° de maio bandeiras vermelhas com a foice e o martelo.
Em Bremerhaven, o Comitê Vermelho de Mulheres realizou uma manifestação com a consigna Lutar e resistir contra o aumento dos preços e a militarização. No decorrer da manifestação, massas aderiram às fileiras do protesto, que contava com bandeiras da Liga Vermelha e da Liga Comunista Internacional. Após a manifestação, as ativistas realizaram uma mesa de debates em uma praça, onde conversaram sobre a piora nas condições de vida com as massas locais. Durante os protestos, ativistas do Partizan propagandearam o processo revolucionário em curso na Turquia, dirigido pelo Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML), e levantaram bandeiras com o rosto do dirigente comunista Ibrahim Kaypakkaya.
Na Espanha, ao menos 70 protestos foram registrados pelo país. Em uma das marchas, realizada em Albacete, um bloco de camponeses imigrantes e ativistas revolucionários ergueram uma faixa com a consigna Proletários do mundo, uni-vos! e bandeiras da Liga Comunista Internacional. Também foram levantados cartazes em solidariedade a lutas dos povos do mundo, como contra o Corredor Interoceânico no México e pela apresentação com vida do advogado e professor democrático Dr. Ernesto Sernas García.
Ainda na Europa, manifestações foram registradas nos países nórdicos Dinamarca, Finlândia, Áustria, Noruega e Suécia. Na Dinamarca, uma manifestação em Aalborg levantou uma faixa com a consigna Abaixo a guerra imperialista! Viva a revolução proletária mundial!. Durante a marcha, foram erguidas bandeiras com a foice e o martelo e o hino internacional do proletariado, A Internacional, foi entoado. Ao final do protesto, ativistas distribuíram panfletos contra a guerra imperialista, em apoio às guerras populares e à Liga Comunista Internacional.
No mesmo país, bandeiras, faixas e pichações com a foice e o martelo ou o símbolo da Liga Comunista Internacional foram encontrados em Copenhagen, Ballerup, Aalborg e Aarhus. Uma faixa em Aalborg exigia a revogação da reforma da previdência francesa.
Na Finlândia, ativistas revolucionários realizaram uma ação em homenagem a heróis do povo finlandês e um protesto em celebração ao 1° de maio. O protesto foi organizado em Tampere e contou com a presença de centenas de ativistas. Ativistas do Bloco Anti-Imperialista estenderam bandeiras da LCI e distribuíram panfletos contra o imperialismo e folhetins da declaração de 1° de maio da LCI.
Na Suécia, uma manifestação foi realizada em bairros proletários de Estocolmo. Os ativistas exaltaram a memória de Set Perrson, histórico líder comunista sueco, e exaltaram a necessidade de reconstituir o Partido Comunista da Suécia. Uma faixa com as consignas Unir-se sob o maoismo e Pela reconstituição do Partido Comunista da Suécia foi erguida. Os ativistas denunciaram a crise e a alta crescente nos custos de vida.
Na Áustria, manifestações foram registradas em Viena e Innsbruck. Ativistas da Associação de Trabalhadores Imigrantes da Europa (AGEB) distribuíram panfletos na manifestação, enquanto ativistas do Partizan voltaram a erguer consignas de propaganda da luta do proletariado turco dirigida pelo TKP/ML. Na Noruega, foram realizadas pichações, panfletagens e erguimentos de faixas em diversas cidades.
Chicago, 1886
O 1º de maio tem a sua origem nas lutas dos operários norte-americanos, que em meados dos anos de 1880 erguiam lutas e rebeliões em protestos pela jornada de 8 horas para todos os trabalhadores. O movimento foi brutalmente reprimido pelas forças reacionárias, que prenderam oito dos mais destacados dirigentes operários da cidade de Chicago, executando cinco deles e condenando os outros a duras penas de reclusão.
Em 1886, a Federação de Grêmios e Sindicatos Operários (organizaçaõ para a luta econômica dos operários estadunidenses) convocou uma greve geral no país, a iniciar-se no 1º de maio. As reivindicações centrais do movimento eram as mesmas que, em 1872, Karl Marx e Friedrich Engels levantaram na I Internacional. Nesse dia, várias passeatas e comícios ocorreram no país, e a paralisação é considerada um sucesso. Porém, os 350 mil operários da cidade de Chicago, na costa oeste do Estados Unidos, participam do movimento e enfrentam a reação da polícia que, num ataque aos grevistas, fez nove vítimas. No dia seguinte, mais quatro operários foram assassinados em choques com a polícia.
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No dia 4, os líderes do movimento convocam um grandioso comício em Chicago contra as sucessivas repressões do Estado norte-americano. Neste ato, é dada continuidade à série de crimes cometidos contra os trabalhadores. A polícia do USA abre fogo contra os participantes do comício, que se reuniam no Mercado do Feno, no centro da cidade. O resultado foi terrível: 80 operários perderam a vida sob as balas da tropa, e os líderes locais da greve foram ferozmente perseguidos. Quinze participantes operários são presos, destes, oito da indústria metalúrgica permaneceram presos e foram condenados.
O 1º Congresso da II Internacional, celebrado na cidade de Paris em julho de 1889, definiu o 1º de maio como o Dia do Internacionalismo Proletário, registrando esta decisão na seguinte resolução:
“Uma grande manifestação internacional deve ser organizada em uma mesma data e de tal modo que os trabalhadores de cada um dos países, de cada uma das cidades, exijam simultaneamente das autoridades a limitação da jornada de trabalho…”
Desde então, em todo o mundo, no 1º de maio, a classe trabalhadora se levanta em todo o mundo, cumprindo com decisão esta firme resolução da classe.