Quarto dia de operação na Maré: repressão, despejo e terrorismo de Estado

PM genocida de Cláudio Castro agrava problema habitacional ao promover operações genocidas no Complexo da Maré.
Mototaxistas realizam manifestação após PM reprimir brutalmente moradores. Foto: Reprodução

Quarto dia de operação na Maré: repressão, despejo e terrorismo de Estado

PM genocida de Cláudio Castro agrava problema habitacional ao promover operações genocidas no Complexo da Maré.
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Os moradores das comunidades de Nova Holanda e Parque União amanheceram no dia 22 de agosto sob o quarto dia seguido das operações da Polícia Militar em conjunto com a Polícia Civil e a Secretaria de Ordem Pública (Seop). Há semanas, as forças de repressão genocidas de Cláudio Castro vêm promovendo ações de despejo contra os moradores.

A violência policial está impedindo o funcionamento de escolas, afetando os serviços de saúde e trazendo grandes prejuízos ao comércio local.

PM reprime protesto

Na manhã de hoje, o aparato policial adentrou às comunidades antes das 6 horas da manhã para dar continuidade a operação de despejo que há mais de uma semana vem trazendo terror e revolta aos moradores.

Ontem (dia 21/08), os moradores se reuniram para realizar um novo protesto e chegaram a fechar a Avenida Brasil, sentido Campo Grande, mas a manifestação foi rapidamente atacada pela PM, que privou os moradores de mais um direito fundamental.

Mesmo assim os mototaxistas da comunidade se reuniram e realizaram um buzinaço como forma de demonstrar sua revolta contra os ataques do velho Estado à comunidade.

Histórico das remoções

Essas ações de despejo fazem parte de uma crise histórica na habitação brasileira, agravados após o fim da pandemia. Em um levantamento feito pela Campanha Nacional Despejo Zero, mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por ações de despejo e remoções forçadas num geral entre outubro de 2022 e julho de 2024.

O Rio de Janeiro ocupa a terceira posição no ranking de estados com maiores números de ações de despejo promovidos, atrás apenas de São Paulo e Amazonas, respectivamente.

Apenas no período citado (entre outubro de 2022 e julho de 2024), mais de 4.939 famílias no RJ foram despejadas e ao menos 5.798 foram ameaçadas de despejo, totalizando mais de 10.000 famílias. São trabalhadores e seus filhos os maiores prejudicados pelo ataque ao direito à moradia, que atinge também as famílias dos trabalhadores, que têm que tirar de onde não tem para socorrer os parentes afetados.

Enquanto isso, cresce a população em situação de rua, vítima evidente da crise habitacional. Segundo um Senso da População em Situação de Rua feito pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2022, houve o aumento de 8,5% em relação a 2020, totalizando mais de 7.865 pessoas após o período pandêmico. 

Mesmo diante de tamanha crise, o velho Estado brasileiro faz a opção de seguir atacando a moradia das pessoas.

Somente no município do Rio de Janeiro, o número de residências vagas dobrou entre 2010 e 2022, quando foram registrados mais de 388.345 imóveis vagos. A quantidade é também superior ao dobro do déficit habitacional do município registrado em 2019 pela Fundação João Pinheiro, de 178.172 moradias.

Confira a cobertura do AND sobre os quatro dias de operação no Complexo da Maré:

RJ: Moradores da Maré fecham avenida em protesto contra operação arbitrária da PM

RJ: Moradora da Maré denuncia violações da PM após três dias seguidos de operação

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