Quênia: 10 manifestantes são assassinados por protestar contra lei de impostos

Rebelião popular explode no Quênia contra projeto que quer elevar os impostos. Manifestantes invadiram o parlamento e incendiaram carros. Governo pró-ianque reprimiu brutalmente o protesto de 25/06, assassinado 10 manifestantes.
Manifestante chuta bomba de gás durante protesto. Foto: Luis Tato/AFP

Quênia: 10 manifestantes são assassinados por protestar contra lei de impostos

Rebelião popular explode no Quênia contra projeto que quer elevar os impostos. Manifestantes invadiram o parlamento e incendiaram carros. Governo pró-ianque reprimiu brutalmente o protesto de 25/06, assassinado 10 manifestantes.

Uma imensa manifestação ocorreu no Quênia no dia 25 de julho contra a aprovação de uma lei para aumentar os impostos. Na manifestação de ontem, os quenianos invadiram o parlamento, a prefeitura da capital, Nairóbi, e também incendiaram veículos próximos à Suprema Corte. Vencendo o aparato repressivo, o protesto invadiu o parlamento e atearam fogo em alguns pontos. A polícia disparou e assassinou dez manifestantes.

O presidente reacionário do Quénia, William Ruto, classificou a rebelião popular como uma ameaça à segurança nacional e prometeu que tal agitação não voltará a acontecer “a qualquer custo”. O presidente da ONU, Antonio Guterres, pediu moderação à polícia do Quênia: “É muito importante que os direitos das pessoas de se manifestarem pacificamente sejam respeitados”.

Serviços de internet interrompidos

Após o protesto de ontem, foi relatado uma grande interrupção na internet no Quênia e também em países vizinhos, como Burundi, Uganda e Ruanda. Os primeiros protestos foram marcado pelas redes sociais e logo se alastraram por todo o país. Agora, as manifestações contra o aumento dos impostos têm ocorrido por todo país, incluindo cidades e vilarejos no interior.

O projeto, aprovado por 192 votos contra 106, segue agora para sanção presidencial, que deve ocorrer no prazo de 14 dias. O texto foi apresentado em maio e foi debatido pela primeira vez na semana passada. A lei financeira tem por objetivo fazer com que a arrecadação do Estado Queniano alcance mais 2,7 bilhões de dólares em impostos. Com a alta arrecadação, o governo pretende diminuir a pressão dos bancos imperialistas em meio às altas taxas com pagamento de juros da dívida pública, que consomem 37% das receitas anuais.

Carestia de vida é ignorada por governo pró-ianque

O projeto tem sido duramente denunciado pelos manifestantes. Eles rejeitam o aumento dos impostos diante da carestia de vida registrada nos últimos anos no Quênia. Em maio, a inflação no Quênia chegou a 5,1% e o aumento registrado em alimentos foi de 6,2% e o de combustíveis 7,8%. Se aprovado, o projeto aumentará o custo dos produtos essenciais, alguns dos quais são importados de países vizinhos da África Oriental e de outros mais distantes.

O movimento de rechaço à medida, que já é nacional, também exige a renúncia do presidente reacionário William Ruto, eleito há dois anos prometendo defender o povo pobre queniano. Apesar de Ruto ter sinalizado algumas mudanças no texto da lei, a rebelião popular só cresceu.

Presidente do Quênia visitou Joe Biden

O presidente da Quênia, William Ruto, visitou a Casa Branca e encontrou-se pessoalmente com Joe Biden no dia 23 de maio. No encontro, Joe Biden demonstrou seu interesse em designar o Quênia como um importante aliado fora da OTAN. Atualmente Israel, Qatar e outros 16 países compartilham essa designação. Especula-se que a atual reforma tributária tenha sido costurada no bojo desse encontro, como exigência do imperialismo através do FMI.

No mesmo dia da manifestação que invadiu o parlamento, o Quênia enviou os primeiros policiais para o Haiti. A Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS) é coordenada pelo Estados Unidos e reforçará a intervenção imperialista ao país da América Central, que passa por uma crise na segurança pública desde o ano passado, quando foi anunciado que um “conselho de transição presidencial” tomaria a frente do governo após a renúncia do primeiro-ministro Ariel Heny.

Buscando aprofundar as relações com o USA, o governo queniano ataca os direitos do povo queniano. Dá todas as garantias de que os juros da dívida pública serão pagos, beneficiando o sistema financeiro imperialista mundial. Diante da rebelião popular, lança mão da repressão brutal que já assassinou 10. Além disso, destinará suas forças armadas no genocídio do povo haitiano em mais uma missão internacional de intervenção imperialista no país.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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