A Comunidade Quilombola Braço Forte, no município de Salto da Divisa, baixo Jequitinhonha, Minas Gerais sofre ameaça de despejo depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais lançou Nota Pública anunciando que a comunidade tem até o dia 30 de julho para se retirar pacificamente. Segundo o judiciário, o despejo será realizado pelas forças policiais no dia 9 de agosto de 2018. A Nota Pública foi lançada no dia 28 de junho.
A comunidade está localizada no Vale do Jequitinhonha, região que é a “segunda em maior número de comunidades quilombolas do Brasil”, ressalta nota lançada pela Comunidade Braço Forte e outras. Ela menciona ainda que a região tem heroica e orgulhosa história de resistência e luta contra o latifúndio, seja pelos remanescentes de quilombolas, indígenas e camponeses.
A Comunidade denuncia também a grilagem de terras do munícipio, onde “72,2% das terras do município de Salto da Divisa são presumivelmente terras públicas devolutas”. São repudiadas as famílias Cunha e Peixoto que, afirmam, “controlam a maior parte das terras da região” e, através do latifundiário Euler Cunha Peixoto, requereram a reintegração de posse da comunidade como parte da “Fazenda Talismã”.
Após reunião com a Polícia Militar no dia do lançamento da Nota Pública do judiciário – reunião descrita pelos remanescentes de quilombolas como “repugnante” –, a prefeitura se comprometeu a dar auxílio-moradia para apenas cinco famílias por 3 meses, o que os camponeses chamaram de “migalha”.