Vamos falar do 7 de outubro. Mas vamos falar do 7 de outubro de um jeito diferente.
Não vamos ouvir os ditames da imprensa ocidental, que recebe os ditames de Israel, e dos políticos israelenses e da imprensa israelense.
Vamos falar o dia 7 de outubro de uma maneira diferente. Você vê a relação de Israel com os palestinos, com os árabes, com o Oriente Médio, com todo o mundo. Situa-se dentro da incontestada superioridade israelense em todas as áreas: militarmente, em termos de inteligência, em termos de economia, em termos do apoio que recebe do Estados Unidos e outros países ocidentais.
Essa é a Israel que conseguiu sobreviver, ou melhor, prosperar sobre as ruínas da Palestina e da história da Palestina por 76 anos. E é o mesmo país que conseguiu dominar o Oriente Médio e, eventualmente, forçar os países árabes a se normalizarem, apesar do fato de que Israel não terminou sua ocupação na Palestina.
O 7 de outubro mudou tudo isso? Quase.
Provou que Israel não é mais um país que consegue traduzir seu poderio militar em resultados políticos.
Expôs o apoio cego do Estados Unidos a Israel, mas também os limites que o Estados Unidos podem fazer para Israel vencer dos árabes. Pois eles são incapazes de vencer de, literalmente, milícias – grupos da Resistência em Gaza, Cisjordânia, no Líbano e outros lugares.
Nenhum dos inimigos de Israel agora são atores estatais. São todos atores não-estatais. Isso é sem precedentes na história de Israel naquela região.
E isso é tão frustrante para Israel porque Israel não tem mais um objetivo militar definível. As milícias não são um exército militar tradicional que você destrói e ganha a guerra e se declara triunfante. É algo completamente diferente.
O 7 de outubro mudou a natureza de relação entre Israel e seus inimigos. Israel está prolongando a guerra porque acredita que, atrasando o inevitável, as pessoas se esqueceriam o verdadeiro significado do 7 de outubro.
E como o 7 de outubro mudou fundamentalmente compreensão do que Israel é (um Estado pária), do que pode fazer (um genocídio) e do que é capaz de fazer para derrotar os árabes (absolutamente nada).