Pugnas e intensa divisão no parlamento aprofunda-se desde 2014. Foto de bate-boca e empurrões no plenário do Senado, 2017. Marcos Oliveira / Agência Senado
O projeto de ataque à Previdência (denominado “reforma da Previdência”) formulado pelo banqueiro Paulo Guedes e pelo fascista Bolsonaro mal chegou ao Congresso Nacional e já confronta resistência e dificuldades de articulação. A base disso é divisão das classes dominantes e dos grupos de poder dentro do legislativo e da briga entre Executivo e Legislativo.
A primeira manifestação de resistência veio do chamado “centrão”. Vários partidos, considerando-se alijados das negociações com o governo por conta da demissão de Bebianno (que era articulado com esses grupos), entraram em um acordo de não discutir o ataque aos direitos do povo enquanto o governo não abrir canais de negociação. As informações são do Painel Folha.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), teria acertado com dirigentes de vários partidos que não haverá discussão da contrarreforma da Previdência até o fim do carnaval. O mesmo vale para formar as comissões que discutirão o projeto antes de ele ser enviado ao plenário.
Nesse pacote de resistência, até o ex-candidato à presidência, Geraldo Alckmin, numa demonstração assustadora de cinismo e demagogia, criticou o projeto, dizendo que é desumano fazer com que idosos só possam receber salário integral após os 70 anos – como se ele, de fato, se preocupasse com o povo. Ele referiu-se à proposta do governo Bolsonaro, segundo a qual o pagamento via Benefício de Prestação Continuada começa com o valor miserável de R$ 400.
Divisão no seio da reação
Conforme temos denunciado nos sucessivos Editoriais de AND, a base da divisão da reação é a disputa e cabo de força entre os variados grupos de poder no Congresso, fruto da crise econômica que a atiça.
Isso gera a crise política, na qual as classes dominantes não conseguem fazer os seus grupos de poder, representantes de seus respectivos monopólios econômicos, se entenderem, criando instabilidade e momentos de inoperabilidade da velha ordem.
Na pugna entre si, especialmente no parlamento, os grupos de poder dos monopólios da grande burguesia, do latifúndio e do imperialismo vão impondo exigências em negociatas para sobressaírem seus interesses particulares, em troca de votar a favor de tal ou qual medida.
Frente a isso, necessitando aprovar as medidas mais antipovo e vende-pátria e temeroso ante o levante de massas que se avizinha, o Alto Comando das Forças Armadas já pôs em marcha seu golpe militar contrarrevolucionário que tem, dentre suas tarefas, reestruturar o velho Estado, criando um regime mais centralizador para resolver a inoperabilidade do velho regime, no qual o legislativo seja cada vez mais relegado.