Rebeliões na América Latina e a crise no Brasil

Rebeliões na América Latina e a crise no Brasil


Manifestantes enfrentam as forças de repressão do velho Estado no Equador durante um dos protestos que sacudiram o país em 2019

Artigo do professor Fausto Arruda, diretor geral do jornal A Nova Democracia, que será publicado na página 3 da edição nº 229 (dezembro de 2019 e janeiro de 2020), que estará disponível na internet e nas bancas de todo o Brasil na próxima semana.


Os levantes da América Latina no Equador, Haiti, Chile, Colômbia, e até o levante popular na Bolívia – galvanizado pela coalizão de direitistas e fascistas que impuseram um golpe de Estado militar – fazem tremer toda a canalha, colocam em estado de pânico os reacionários e tiram o sono dos ricaços.

Os fascistas e os generais direitistas sabem do mal que estão fazendo ao povo com seus projetos impostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial por ordem do imperialismo, principalmente ianque, e, por isso, se estremecem dos pés à cabeça. A “prova dos nove” acaba de ser demonstrada pelas massas populares chilenas, que reagem lá à mesma fórmula que Paulo Guedes tenta aplicar no Brasil, e que levou à miséria mais da metade dos chilenos. Agora, o velho Estado chileno tenta por meio da mais sanguinária repressão combinada com os apelos de “negociação” por parte do oportunismo eleitoreiro, encontrar fórmulas que possam arrefecer a justa revolta das massas populares e aplacar o seu descontento.

Numa atitude de mais extrema irresponsabilidade, o banqueiro Paulo Guedes, também conhecido como ministro da Economia de Bolsonaro, concedeu entrevista à imprensa no USA prevendo que os brasileiros também façam uso de manifestações. De fato, as manifestações são inevitáveis, independem da vontade de quem quer que seja, e elas vão remexer todo o cenário político. Tanto o governo militar secreto quanto o governo aparente do fascista Bolsonaro rangem os dentes ante a simples ideia de uma nova onda de rebeliões no país e fazem mais ameaças de lançar as reacionárias Forças Armadas contra o protesto popular. Por sua vez, o bando bolsonarista pensa em tirar proveito de qualquer instabilidade, se apressando nos preparativos de manipulação em larga escala, para jogar massas contra massas e em benefício de seu projeto corporativo.

A situação transitória de acordo entre o reacionário Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) e Bolsonaro para tirar a economia do buraco a qualquer preço, faz com que o presidente fascista, useiro e vezeiro do desbocamento, tenha que se contentar com seus puxa-sacos e auxiliares mais íntimos para darem declarações. Assim, é inusitado o próprio ministro da Economia dar declarações que provoquem “frio na barriga” do “mercado” e o aumento do dólar, causando perplexidade dentro e fora do país. Em qualquer lugar do mundo ele já estaria demitido pelo telefone.

Mais inusitado ainda é quando os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo criticam as declarações do ministro e, em resposta, Bolsonaro faz gaiatices, dizendo que seu número é o “38” (referindo-se ao seu novo partido, projeto mal-acabado de Falange). Já o ministro, ao saber da intervenção do Banco Central na venda de dólares, afirmou que era bom o povo ir se acostumando com o dólar mais caro e com o câmbio mais baixo.

Tudo indica que há um plano de criar um clima de perplexidade na economia para que o Congresso aprove os projetos super autoritários de Bolsonaro. Tudo indica que provocar a inquietação e a instabilidade na sociedade é a palavra de ordem dos fascistas.

Povo encontrará a revolução

Do lado do povo, não haverá Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no campo ou na cidade e muito menos “excludente de ilicitude” que possam barrar a guerra civil revolucionária, que surgirá em resposta à marcha ao fascismo de Bolsonaro ou ao regime constitucional de presidencialismo absolutista do ACFA. Todos fantoches dos ricaços, grandes burgueses e latifundiários, lambe botas do imperialismo ianque que tentam se equilibrar num acordo para dar saída à agônica crise política, econômica, social e moral em que se decompõe seu velho e genocida Estado burocrático.

As massas populares estão, passo a passo, elevando seu grau de consciência política e seu grau de organização nas mobilizações constantes do dia a dia por suas mais sentidas demandas, acossadas pelo desenfreado desemprego, pela crescente miséria e contra os ataques mais insidiosos e covardes de corte de direitos. As amplas massas, em muitas das batalhas em defesa de seus direitos pisoteados, encontrarão no seu seio os setores mais organizados para dar-lhes direção revolucionária.

Com a condução revolucionária do proletariado, as massas, pouco a pouco, saberão identificar seus inimigos um a um, os pequenos e os grandes. Aprenderão que o desemprego profundo, a baixa dos salários, os ataques às suas liberdades, os tormentos em seu dia a dia, a morte de amigos e familiares por operações policiais espetaculosas, a negação do direito à terra para nela trabalhar, dentre outras desgraças cotidianas são fruto de um cruel e secular sistema de exploração e opressão. Mais ainda, entenderão que toda a tormenta que se abate sobre elas não desaparecerá sem a destruição total deste apodrecido sistema político e do capitalismo burocrático, passando por cima de todo cacarejo eleitoreiro do oportunismo e por toda a ladainha demagógica das promessas politiqueiras.

Saberão ver que, dentro desse sistema, há um setor da população que se beneficia e perpetua tais mazelas, pois elas são resultado de sua dominação. São eles os latifundiários e grandes burgueses, além do imperialismo, principalmente ianque.

As massas em luta saberão reconhecer que a linha revolucionária de destruir o latifúndio e entregar a terra aos camponeses – promovendo a cooperativização e coletivização graduais da agricultura – aumenta o salário necessário nas cidades, movimenta a economia no interior do país, quebra pouco a pouco a dominação estrangeira sobre a nossa economia. Perceberão que, nessas áreas revolucionárias, surgirão, junto com a nova economia, novas formas de organização armada das massas, de nova política e de Novo Poder. A nova democracia na qual os trabalhadores participarão em Assembleias Populares em níveis de base, municipais, regionais e até a nacional, cujos delegados eleitos, sem nenhuma remuneração extra e nenhum privilégio, terão o mandato revogável a qualquer instante que os que o elegeram o queiram.

Esta Revolução Democrática, Agrária e Anti-imperialista cria as condições para que o povo, ao conquistar o Poder em todo o país, confisque todo o capital monopolista local ou estrangeiro, colocando-o a serviço do alargamento da produção de mercadorias para consumo familiar e na produção de máquinas industriais, agrícolas e de alta tecnologia e pela elevação e transformação cultural, nacional, científica e de massas, tudo em benefício do povo e da Nação. Rumo ao socialismo, o fruto do trabalho dos operários e demais trabalhadores não serão mais embolsados pelos monopólios para enriquecer um punhado, mas sim nos interesses sociais, como educação, saúde e, pouco a pouco, na elevação sólida dos salários para o conforto das famílias proletárias e populares.

É este futuro que os generais reacionários, os fascistas e os seus amos – grandes burgueses e latifundiários, serviçais do imperialismo, principalmente ianque – temem mais do que tudo. Ele surgirá, inevitavelmente. Não adianta tentar preveni-lo, reacionários!

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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