O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, conseguiu aprovar no dia 17 de janeiro, na Casa dos Comuns, o projeto de deportação de imigrantes irregulares para Ruanda. O projeto enviar forçosamente os imigrantes irregulares para o país africano e mantê-los lá, em asilo político, até o julgamento dos processos no Reino Unido. A medida draconiana contra os imigrantes foi primeiramente apresentada em abril de 2022, ainda pelo ex-primeiro-ministro reacionário Boris Johnson. Desde a sua primeira apresentação, o texto foi alvo de duras críticas de setores progressistas e democráticos. Em dezembro do ano passado, protestos populares ocorreram contra a medida.
Admitindo estar “determinado” com a execução da medida anti-imigrante, Rishi Sunak afirmou que não deixará que “nenhuma corte internacional impeça de enviar os voos e colocar essa medida para funcionar.” Segundo os planos do reacionário, as deportações devem começar logo nos próximos meses. Ele pediu ação rápida da Câmara dos Lordes em seu projeto que ele considera “prioridade nacional”.
Contornar derrota política
Tudo parece apontar que a legislação é uma forma de angariar apoio diante da grave crise política e econômica que o Reino Unido enfrenta. O país atravessa problemas econômicos severos, com altos índices de inflação, fome e doenças derivadas da desnutrição. Um levantamento recente revelou que 800 mil pessoas foram hospitalizadas no país em decorrência da desnutrição.
O Reino Unido também é um dos muitos destinos na Europa da massa de imigrantes de países do Oriente Médio que saem de seus países, via de regra empobrecidos pela espoliação das próprias potências e superpotências imperialistas, sob a ilusão de uma “vida melhor” nos países europeus. Nos últimos anos, o Reino Unido recebeu cerca de 100 mil imigrantes. Uma vez no Reino Unido, essas massas são abandonadas pelo Estado imperialista britânico e exploradas ao máximo, nas piores condições e nos piores trabalho, pelos magnatas e empresas imperialistas do país. No caso dos irregulares, é ainda pior.
Já os políticos reacionários como Rishi Sunak buscam contornar seu fracasso político com o fomento às políticas anti-imigrantes e discursos chauvinistas, destinados a classificar os imigrantes como a razão da miséria e crise econômica britânica. Ao mesmo tempo, seguem com o bombardeio e o saqueio de países oprimidos, cultivando assim as próprias razões que levam às ondas migratórias.
O Reino Unido e as guerras de agressão
O Reino Unido recebe, em maioria, refugiados da Síria, Afeganistão, Irã e Iraque, todos países vítimas do saqueio e da opressão imperialista há décadas. Com exceção do Irã, os outros três foram alvos de invasões imperialistas, acompanhadas da destruição da economia local e saqueio do país, nos últimos 23 anos. Tanto a Síria quanto o Iraque são, até hoje, ocupados por militares ianques.
O Reino Unido teve participação direta em alguns casos. A invasão no Iraque foi montada pelo imperialismo norte-americano em contato direto com o primeiro-ministro britânico da época, Tony Blair. Tanto Blair quanto o ex-presidente ianque George Bush foram responsáveis pela dispersão da mentira de “armas de destruição em massa” no Iraque, justificativa “oficial” da invasão.
No Afeganistão, militares britânicos também tomaram parte na invasão ao país, encerrada em 2021 com a saída desesperada das tropas ianques.
Nos últimos dias, o imperialismo britânico voltou a agredir nações oprimidas em conluio com o imperialismo ianque nos bombardeios que atingiram o Iêmen, país do Oriente Médio solidário com a Palestina que tem conduzido importantes confiscos de navios com destino a Israel.