A minuta de um “Código de Ética e Conduta” apresentada de última hora pela reitoria da Universidade Federal de Rondônia (Unir) foi reconhecida por estudantes, técnicos e professores como uma tentativa de censurar toda a comunidade acadêmica da Universidade, desde as vestimentas até as denúncias feitas contra o sucateamento e tentativa da reitoria de atender a interesses privados.
A reitoria da universidade tentou limitar a tramitação do Código de Conduta ao máximo e a tentativa de censura somente veio à tona, pois passou a ser criticada por docentes e tornada pública aos discentes pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE/UNIR).
A medida da reitoria foi criticada em diversos aspectos, como ao proibir “utilizar das mídias sociais para fazer denúncias” ou em orientar a comunidade a “evitar envolver-se em discussões ou atividades que possam ser percebidas como partidárias, tendenciosas ou conflituosas”.
Ainda, em nota, os representantes discentes do curso de Pedagogia do campus de Porto Velho apontam que “a utilização de termos vagos e subjetivos como ‘boatos’, ‘rumores’, ‘difamatórios’ e ‘caluniosos’ cria brechas para punir qualquer tipo de crítica ou denúncia”.
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia (ADUNIR) ainda declarou que “a proposta do Regimento de Código de Ética e Conduta da UNIR evidencia uma forma autoritária de cerceamento do conjunto de direitos garantidos aos membros da comunidade universitária, configura-se como um instrumento de perseguição política, além de revelar uma tentativa de proteção aos membros da Administração Superior às críticas e denúncias acerca dos desmandos, assédios, precarização” e acrescentou afirmando que “Criar um código de “conduta” para os servidores e estudantes da UNIR é um ato político de extrema direita, que se identifica com as normas impostas durante o regime militar”.
Outros centros acadêmicos se manifestaram. O Centro Acadêmico de Medicina declarou que “entre as linhas que pintam um cenário perfeito — onde os alunos vivem em um mundo fantástico, que as ideias são convergentes, os princípios são os mesmos e as pessoas são iguais — a censura e o reacionarismo afloram por trás de “boas normas” de convivência”. Por sua vez, para o Centro Acadêmico de Psicologia, “O documento tem como propósito restringir a liberdade de expressão, impondo medidas arbitrárias e punições generalizadas, sem definições explícitas, com o intuito de criminalizar e censurar os professores, estudantes e demais trabalhadores que atuam direta ou indiretamente na UNIR”.