Número de moradores de rua aumenta no país devido ao agravamento da crise geral do capitalismo burocrático. Foto: Leandro Ferreira
Um relatório divulgado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou que 26 mil novas pessoas passaram a morar na rua somente entre janeiro e maio de 2022. Com isso, o número de pessoas vivendo na rua atingiu a marca de 185 mil pessoas no país, contando apenas números oficiais.
A pesquisa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da UFMG utilizou como base os dados de pessoas cadastradas no programa CadÚnico, do governo federal.
Os dados mostram que em dezembro de 2021 eram 158.191 morando na rua, enquanto que nos primeiro semestre de 2022 esse número subiu para 184.638, uma aumento de 26.447. Somente na cidade de São Paulo, maior centro comercial do Brasil, 5.039 novas pessoas tiveram que ir viver nas ruas. Com isso, o número total de moradores de rua da capital paulista chegou a incríveis 42.240 pessoas, número bem maior do que o registrado no último censo realizado pela prefeitura da cidade, em 2021, quando foi registrado que 32 mil pessoas viviam em tal situação.
O relatório também apontou as características dessa população que vive na rua, mostrando que 68% delas são pretas, 87% são homens. A maior parte têm idade entre 18 a 59 anos, com o ensino fundamental incompleto.
Crise do capitalismo burocrático
O gigantesco aumento no número de moradores de rua é uma um fato cuja raiz está na crise geral do capitalismo burocrático no País. A imensa maioria dos moradores de rua são membros de famílias oriundas, direta ou indiretamente, da zona rural, expulsos de lá pela concentração de terras na mão de um punhado de latifundiários e lançados nas favelas dos grandes centros urbanos, muitas vezes sendo despejadas pelo velho Estado após conseguirem erguer casas que construíram com o suor de muito trabalho.
Esses trabalhadores estão submetidos à exclusão por um sistema de opressão e exploração brutal que, por natureza, não é e nunca será capaz de oferecer emprego a todos, gerando uma imensa massa de desassistidos pelo capitalismo. Pagar aluguel, para esse setor profundo do proletariado que cai na indigência, é luxo.
Outro fato que agrava essa situação advém da gerência criminosa de Bolsonaro e generais, que perto de completarem quatro anos de governos foram incapazes de controlar o desemprego galopante que já atinge mais de 16 milhões de brasileiros, em um momento que a inflação já está na casa dos 11,73% e a fome que atinge 117 milhões de pessoas. Nessas condições, além do aumento no número de moradores de rua, crescem outros problemas das metrópoles como o alto número de usuários de drogas como crack e álcool, pois tais pessoas são jogadas à desesperança e ao completo vazio material e de espírito.