Bastaram 24 horas de suspensão da ajuda militar ianque pelo ultrarreacionário Donald Trump para que o capitulador ucraniano Volodymyr Zelensky abandonasse a pose de pigmeu raivoso contra o amo norte-americano. “Estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”, disse o vendilhão da pátria no dia 4 de março na rede social X. “Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para sentar à mesa de negociações o mais rápido possível e trazer uma paz duradoura. Ninguém deseja a paz mais do que os ucranianos”.
Zelensky não detalhou as condições que pretende aceitar, mas disse que está pronto para conceder aos ianques o direito de saquear minerais terras raras na Ucrânia. O capitulador também propôs, como parte do acordo de cessar-fogo, a libertação de prisioneiros e uma trégua aérea. É provável que ele entregue mais em pouco tempo: o diretor da agência de inteligência ianque CIA disse hoje (5/3) que o órgão encerrou o fornecimento de inteligência para a Ucrânia, mas que deve retomar as operações depois do cessar-fogo.
O teatro, realizado por Zelensky em pleno Salão Oval da Casa Branca, não pode mitigar a realidade: ele vendeu a nação ucraniana para a superpotência hegemônica única em troca de meios de guerra, os quais, agora, o imperialismo ianque se recusa a fornecer. Não foram só os recursos naturais de tipo terras raras: Zelensky entregou a soberania nacional, pois deu ao imperialismo ianque o direito de controlar a defesa nacional ucraniana ao deixá-la totalmente dependente dos meios de guerra da OTAN. Zelensky entregou a nação ucraniana para que os EUA a negociasse com os russos em prol de seus interesses. Fingindo-se enfurecido, Zelensky pretendia evitar o linchamento que sofrerá na opinião pública patriótica da Ucrânia, que despedaçará sua força política e o deporá do governo de turno – tão certo quanto dois e dois igual a quatro.
Confirma-se o que disseram os revolucionários de todo o mundo: ao entregar a defesa nacional ucraniana à OTAN e ao imperialismo ianque, não mobilizar as massas e nem armá-las, Zelensky estava assinando a capitulação nacional, pois os ianques venderiam a nação em troca de seus próprios interesses. As massas ucranianas exigem, e condicionam sua mobilização na luta de classes, à resolução do problema territorial: os revolucionários, para exercerem uma direção proletária revolucionária sobre a luta das classes trabalhadoras, demandam a resolução deste problema.
Trump corre contra o tempo
A pressa de Trump para encerrar a guerra se justifica pela necessidade de se livrar de uma custosa frente aberta na Europa para conseguir concentrar os esforços do complexo industrial-militar norte-americano em conter o avanço do social-imperialismo chinês na Ásia. Se os EUA não reforçarem sua intervenção nessa parte do globo, correm o risco de perder Taiwan e outros territórios secundários, como as Ilhas Fiji, o Mar do Sul da China e as Filipinas para a China. Ato seguinte, as potências imperialistas da Europa, sentindo a debilidade ianque, intensificarão sua contenda por se tornarem menos submetidas às redes de dominação do imperialismo ianque, buscando alçar voos solos, enquanto que o Japão terá uma justificativa para expandir suas bases no próprio território – algo vetado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os ianques instalaram bases militares no território japonês e castraram o direito do Japão de investir em sua própria defesa com o diktat de que eles, os ianques, são responsáveis por conter a China. Ou seja, uma contestação inaceitável, para os ianques, da dominação da superpotência hegemônica única. É esta a razão pela qual Trump quer encerrar a guerra na Ucrânia, e não uma suposta vontade de se aproximar de Putin, como alardeiam alguns falsos analistas do monopólio de imprensa.
É claro que, para isso, a China precisa investir robustamente em seu setor militar. Apesar do crescimento da potência social-imperialista asiática, esta ainda não é capaz de entrar em um embate com os EUA, nem mesmo parcial, fora dos limites da Ásia. O caso do Canal do Panamá foi emblemático: com uma única ameaça, Trump obliterou as negociações entre o governo do Panamá e os chineses para o país da América Central ingressar na “Nova Rota da Seda”. Expressão não somente de servilismo do Estado do Panamá, mas do status de superpotência hegemônica única do EUA e da ainda presente “unipolaridade” do mundo.
De volta à Ucrânia
Está claro que, em breve, o presidente ucraniano vai aceitar a repartilha de seu território, já que não poderá nada fazer pelo seu servilismo e abjeção frente aos ianques, com a entrega das terras já conquistadas por Putin ao Estado imperialista russo. Mesmo que esperneie em uma reunião ou outra como forma de tentar preservar sua imagem frente às massas ucranianas; o que, evidentemente, não funcionará – a história reserva a Zelensky o hall dos párias, junto de lacaios servis como o capitulador “palestino” Mahmoud Abbas e fracassados líderes militares a exemplo de Antonio López de Santa Anna, presidente mexicano que perdeu mais da metade do território em guerras com os Estados Unidos e, ao longo da carreira, ofereceu-se duas vezes para ser espião dos imperialistas.
Às massas ucranianas, sabem os revolucionários que o que lhes cabe é confiar nas próprias forças para a construção de uma verdadeira Frente Única de Resistência Nacional. O acordo de repartilha da nação, costurado pelos ianques, russos e pelos confabuladores vende-pátrias ao tipo de Zelensky, pode ser melado desde que as massas ucranianas – sob uma unidade de ação só garantida por uma organização disciplinada, com a linha proletária – entrem como força independente, radical, na cena política. Agora, numa única frente, a palavra de ordem seria contra os invasores e os partidários da repartilha do território nacional!