Resistência Nacional Palestina confronta maior ataque sionista em 20 anos

O Estado sionista de Israel iniciou, no dia 3 de junho, uma mega-operação contra o povo palestino na Cisjordânia.
Um veículo blindado israelita dispara gás lacrimogéneo durante uma operação militar em curso em Jenin, na Cisjordânia/Palestina, na terça-feira, 4 de julho. Foto: Robaldo Schemidt/ AFP-Getty Images
Um veículo blindado israelita dispara gás lacrimogéneo durante uma operação militar em curso em Jenin, na Cisjordânia, na terça-feira, 4 de julho. Foto: Robaldo Schemidt/ AFP-Getty Images
Um veículo blindado israelita dispara gás lacrimogéneo durante uma operação militar em curso em Jenin, na Cisjordânia/Palestina, na terça-feira, 4 de julho. Foto: Robaldo Schemidt/ AFP-Getty Images

Resistência Nacional Palestina confronta maior ataque sionista em 20 anos

O Estado sionista de Israel iniciou, no dia 3 de junho, uma mega-operação contra o povo palestino na Cisjordânia.

O Estado sionista de Israel iniciou, no dia 3 de julho, uma mega-operação contra o povo palestino na Cisjordânia. As forças de ocupação concentraram mais de mil soldados sionistas, blindados e drones no acampamento de Jenin, onde habitam cerca de 17 mil palestinos. Doze palestinos, entre eles quatro adolescentes, foram assassinados pelo sionismo, centenas estão feridos e milhares estão sendo despejados. A maior operação em 20 anos contra a Palestina é uma resposta do sionismo apoiado pelo Estados Unidos ao enorme crescimento das forças da Resistência Nacional, que a cada dia tem sido reforçada por novas gerações de palestinos que lançam-se à luta armada como única condição de viver com dignidade.

Também em Gaza e outras cidades da Cisjordânia, como Ramallah e Bireh, jovens palestinos enfrentam decididamente as forças de ocupação israelenses em rechaço ao ataque a Jenin. Um jovem identificado como Mohamed Hassanein foi declarado morto na madrugada de segunda-feira, depois de sucumbir a um grave ferimento a bala sofrido durante confrontos com o Exército reacionário israelense na entrada norte da cidade de Bireh. Em Jerusalém ocorre, agora, uma greve de trabalhadores palestinos contra as agressões sionistas.

A operação

A operação do Estado sionista já ocorre há dois dias em Jenin. Até o dia 03/07, mais de 500 famílias já haviam sido evacuadas pelo Crescente Vermelho Palestino, organização de profissionais da Saúde que atuam em zonas de guerra. Vídeos revelam soldados sionistas impedindo ambulâncias de atenderem aos feridos palestinos. Casas e infraestrutura foram destruídas por ataques a drone e foguetes lançados pelo exército genocida de Israel. A distribuição de água e eletricidade em Jenin foi totalmente interrompida (o local já não contava com água encanada ou esgoto, impedidos de funcionar pela ocupação).

Famílias palestinas são evacuadas de Jenin. Foto: Jaafar Ashtiyeh-AFP-Getty Images

Um porta-voz do genocida exército israelense, coronel Richard Hecht, afirmou que o objetivo da operação era “quebrar a mentalidade de segurança” do campo de refugiados. Militarmente, o ataque busca destruir a infraestrutura militar da Resistência em Jenin. Apesar de sitiada, sem água e serviço de esgoto, e contando permanentemente com o acossamento por parte do exército israelense e de colonos israelenses invasores, Jenin tem sido indomável: sua enorme capacidade de resistência armada tem impulsionado ataques com bombas e explosivos, lançamentos de foguetes contra território ocupado por Israel, além de ataques suicidas e assassinatos à facas.

A operação se dá em um contexto de crescente repressão contra a Palestina. A maior operação até então ocorreu há duas semanas, deixando sete palestinos mortos. Nela, utilizou-se, pela primeira vez em anos, um helicóptero em ataque militar.

Combatentes palestinos resistem à operação sinonista em Jenin, na segunda-feira. Foto: Jaafar Ashtiyeh-AFP-Getty Images

‘Leões’ da Palestina

Mohammed Jabareen, morador de 55 anos do campo de Jenin, disse ao Al Jazeera que dois de seus filhos ficaram feridos nos mais recentes bombardeios aéreos. Jabareen teve um de seus cinco filhos assassinados pelas forças militares sionistas em janeiro.

Sobre a Resistência, ele afirma: “Fomos decepcionados por todos, mas estamos gratos por aqueles jovens no acampamento terem se mantido fortes por todos nós”, acrescentou. “Dentro do acampamento, temos um forte senso de dignidade e honra… esses jovens são leões.”.

A fala do homem palestino confirma o estado de espírito – hoje generalizado na Palestina – de que através da “via diplomática” será impossível à Resistência alcançar a vitória e de que a luta armada de Resistência Nacional é uma via justa para expulsar o invasor.

Resistência: ‘Havia dezenas de homens armados – agora há centenas’

Jovens palestinos em um funeral de um combatente em Jenin no ano de 2022. Foto: Nasser Ishtayeh

É no campo de Jenin onde operam as Brigadas de Jenin, organizadas principalmente pela Jihad Islâmica Palestina, e que inclui jovens com filiações individuais ao Hamas, Fatah e à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). Atuando para impulsionar a resistência nacional, as Brigadas de Jenin realizam a defesa armada do território e do povo e rejeitam os acordos de paz e de “cooperação” com Israel – firmados pelas principais organizações que atuam no governo da Palestina, Autoridade Palestina (AP) e a Organização pela Libertação da Palestina (OLP).

Em Jenin, as massas destruíram e incendiaram um escritório da AP após a organização prender Murad Malaysheh e Mohammed Brahmeh, líderes das Brigadas Al-Quds, quando estes tentavam se deslocar para Jenin apoiar a resistência.

Sobre a combatividade cada vez maior no campo de Jenin, o repórter do monopólio de imprensa BBC Alla Darghme afirma: “Dois anos atrás, quando chegávamos a Jenin, era possível ver dezenas de homens armados amontoados em grupos. Agora, há centenas.” E destaca: “Mais e mais palestinos passaram a acreditar que sua única saída é lutar. Eles acham que, se não brigarem, não terão mais nada no futuro. No momento, eles não têm água encanada ou rede de esgoto – e temem que a situação fique ainda pior.”.

Imperialismo ianque treme diante do povo palestino

A organização do povo palestino e sua rebelião frente à ocupação tem imposto desespero também ao imperialismo ianque (Estados Unidos, USA). Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, afirmou que não havia dúvidas de que o “Estados Unidos se colocaria firmemente” ao lado de Israel. Enquanto a operação contra o povo continuava, no dia 04/07, Netanyahu comemorava o 4 de julho na embaixada ianque na Jerusalém ocupada, onde afirmou “A América [USA] tem dado a Israel apoio moral e político contra aqueles que nos querem eliminar”.

Uma nota do governo de Joe Biden, por sua vez, anunciou que “apoia a segurança de Israel” e o “direito” do Estado sionista em se defender, assim como citou nominalmente as organizações Hamas e a Jihad Islâmica Palestina (JIP) como “grupos terroristas”.

Para o imperialismo ianque, superpotência hegemônica única, Israel tem um peso estratégico. Jesse Helms, senador reacionário norte-americano, caracterizou Israel como o “porta-aviões da América no Oriente Médio” e disse que a base militar estratégica que eles têm em Israel por si só justifica a ajuda militar anual dos ianques. Anualmente são enviados US$ 3,8 bilhões para financiamento militar e, comercialmente, o principal parceiro de exportação e importação de Israel é o USA (26% das exportações, 12% das importações).

Uma contradição antagônica

Com a atual operação, o número de palestinos mortos este ano na Cisjordânia subiu para 133. A escalada de violência e repressão da ocupação sionista não se expressa apenas em operações, mas também na política de “colonização” que expande as unidades habitacionais para israelenses nos territórios ocupados. Tudo isso eleva a pressão sobre as massas palestinas, que uma vez convocadas a ingressar nas fileiras da Resistência, passam a combater o invasor.

Mais e mais jovens se juntam à causa da libertação cabal da Palestina dia após dia. Mais e mais brigadas se formam nos diferentes campos da Palestina. Sem ilusões e frustrados com a piora de vida ano após anos, organizações não proletárias acabam por dirigir a Resistência Nacional – o que impõe evidentes limites no alcance dos objetivos almejados pelas massas populares. Ainda assim, a heroica resistência prossegue regando o terreno da situação revolucionária. As Brigadas de Jenin anunciaram que “os combatentes da organização não têm a intenção de se desarmar, mesmo que isso custe a sua vida”.

Leia também: Sabem as hordas fascistas: Também a Palestina é indomável


Confira o programa A Propósito que trata sobre a Resistência Nacional Palestina:

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