Soldados israelenses em Yabad, Cisjordânia, onde um sargento sionista morreu após ser atingido por uma pedra. Foto: Odai Deibis/Wafa
As Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram uma intensa campanha de perseguição e de prisões em massa em diversas regiões da Cisjordânia, mas tendo como epicentro da repressão a cidade de Yabad, na província de Jenin, onde um soldado israelense havia sido atingido na cabeça por uma pedra durante uma incursão militar no dia 12 de maio.
Movimentos populares palestinos acreditam que a campanha israelense é uma resposta de retaliação à morte do soldado, que ocorreu em meio a um protesto dos moradores contra as incursões maciças para prender manifestantes na região. A pedra, no entanto, foi atirada de cima de um prédio.
Os soldados impuseram diversas formas de punição coletiva aos moradores de Yabad, uma vez que o atirador da pedra não foi identificado. Fecharam as principais estradas que conectam a cidade, realizaram prisões arbitrárias contra moradores, e os têm agredido e ameaçado regularmente, por exemplo, com cães policiais. Diversos palestinos tiveram seus pertences pessoais e casas destruídos e vandalizados.
As agressões, no entanto, não ficaram restritas somente à Yabad: foram registrados ataques por toda a Cisjordânia, bem como na Jerusalém ocupada.
Entre os presos, estavam menores de idade e uma liderança do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Cisjordânia, Shaker Amara. Sua casa em Aqabat Jabr, na cidade de Jericó, foi invadida por agentes da ocupação e sequestraram-no. Durante a operação, moradores do local entraram em confronto com as forças do IDF, atirando pedras contra eles, enquanto estes covardemente abriram fogo e dispararam bombas de gás contra os manifestantes.
Amara já passou muitos anos nas masmorras israelenses, em suas diversas prisões, em que foi torturado repetidas vezes. O combatente é muito conhecido por ter sido um dos 415 membros do Hamas e da Jihad Islâmica que foram deportados por Israel para o Líbano em 1992. Esse grupo de exilados conformou o acampamento Mark Al-Zuhur no Líbano, importante marco da Resistência palestina.
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PALESTINOS SE REBELAM CONTRA CAMPANHA
Centenas de palestinos de cidades vizinhas participaram de uma manifestação de veículos em direção à Yabad em protesto contra as imposições arbitrárias da ocupação. Segundo o Monitor do Oriente Médio (Memo), a palavra de ordem principal da manifestação era Fim ao cerco à cidade de Yabad!
Um combatente da Resistência e morador de Jenin, Atta Abu Ismailia, declarou que “Yabad, fortaleza das Brigadas Al-Qassam, não será quebrada e continuará lutando como sempre fez desde a revolução de Al-Qassam!”, de acordo com o Memo, referindo-se à ala militar do Hamas.
Entre as centenas de agressões cometidas pelas IDF, o Memo destacou algumas, como as detenções dos três filhos da ex-prisioneira palestina Suhaila Abu Bakr e o espancamento de um homem que ficou severamente ferido antes de também ser levado preso, na cidade de Musliya, ao sul de Jenin.
Um grupo de quatro jovens que estavam viajando foram parados por soldados na estrada Al-Badhan, a leste de Nablus, e foram presos por soldados que haviam invadido a cidade de Qabatiya.
Durante os ataques do Exército, confrontos eclodiram espontaneamente entre os jovens e moradores palestinos e os soldados da ocupação, e alguns terminaram com diversas árvores incendiadas aos redores das áreas de enfrentamento.
Por causa da resposta das forças da repressão de usar bombas de gás, foram registrados múltiplos casos de asfixiamento entre civis palestinos. Em Hebron, os soldados atiraram contra os moradores com balas vivas e revestidas de borracha com metal, além de bombas de som e gás lacrimogêneo, que deixaram várias pessoas sufocadas no centro de Beit Ummar.
PERSEGUIÇÃO A EX-PRESOS POLÍTICOS
Além de Amara, muitos outros ex-presos palestinos foram alvo da perseguição das forças da ocupação. Abbas Shajada, de 22 anos, teve a casa de seus pais invadida e revistada em Belém, antes de ser levado preso pelas IDF. Mohammed Abu Maryah, de 32 anos, que passou cinco anos encarcerado em Israel também foi levado preso, assim como Mutaz Al-Owewi, de 34 anos, da cidade de Hebron, Iyad Ayman Abu Alyan, 18, da cidade de Yatta, e Walid Hussein Mazin, 44, de Al-Arroub.
No dia 15 de maio, as forças israelenses prenderam o ex-prisioneiro político Hudhayfah Badr Halabiya, que havia sido libertado recentemente, em dezembro de 2019, após ele ter passado 67 dias em greve de fome. Testemunhas afirmam que um soldado israelense vestido de civil cercou a casa do palestino em Abu Dis, na Jerusalém ocupada, e invadiu-a.
Também em Jerusalém, os irmãos Ahmed e Youssef Abu Al-Haw, de Al-Tur,e os irmãos Mahmoud e Abd Obaid, de Al-Issawiya, foram levados presos, depois de terem sido espancados pelos soldados.
Segundo a agência de notícias palestina Wafa, três palestinos menores de idade foram detidos na cidade de Belém, e outros três em Yabad.