“Pode avisar aos comandantes que isso nem passa pela minha cabeça”, disse Luiz Inácio ao Ministro da Defesa, José Múcio, segundo uma entrevista do próprio presidente ao monopólio de imprensa UOL, no dia 26 de junho.
O recado foi dado depois do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, e da ministra Simone Tebet, do Planejamento, prometerem uma ampla revisão dos gastos para uma agenda de cortes, que poderiam ir desde a aposentadoria dos militares até direitos previdenciários e orçamento de áreas como a Educação e Saúde. Sem os militares na mira, as áreas sociais que restam.
Depois da entrevista, Múcio afirmou à colunista Carla Araújo, também do Uol, que repassou a promessa adiante. “Eu passei para os comandantes. O presidente Lula sabe que o regime dos militares é diferente. E disse mesmo que é algo que não passa pela cabeça dele de jeito nenhum, que não está no radar”, disse o porta-voz dos milicos.
A aposentadoria dos militares gera uma perda anual de R$ 158,8 mil por beneficiário, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Enquanto isso, a aposentadoria de servidores públicos civis gera um déficit de R$ 69 mil por beneficiário e a dos aposentados e pensionistas R$ 9,4 mil.
O movimento de Luiz Inácio é mais um recuo frente aos interesses da caserna. Desde que assumiu, o mandatário tem evitado gerar atritos com os militares reacionários. Os generais, por sua vez, aproveitam a covardia para intervir na política nacional – um movimento por si só contrária ao legalismo, uma vez que a legislação proíbe essa intromissão – e seguir pouco a pouco com a secreta agenda golpista para o País.
Militares deram o tom
No tema mesmo da previdência, o Exército deixou claro que não aceitaria uma revisão de forma passiva. “É incabível submeter os militares das Forças Armadas a um regime previdenciário”, diz um documento produzido pela instituição em maio deste ano.
São vários os outros temas que os militares pressionaram e o governo acatou, como a não reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a não condenação do golpe militar de 1964 nos 60 anos da data e a destinação de uma grande fatia do orçamento para as 3 forças.