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Já em janeiro desse ano, o governador do estado, Eduardo Leite/PSDB, dizia que umas das prioridades do seu primeiro ano no poder seriam as privatizações. Revelou também que pretendia eliminar a exigência de plebiscito para vender estatais e realizar mudanças em questões envolvendo o funcionalismo, inclusive alterações na Previdência dos servidores.
Comprovando o caráter farsesco das eleições, Leite se apoia nos votos conquistados para justificar suas medidas antipovo e entreguistas: “Nós temos a nossa agenda para o Estado, que foi legitimada pelas urnas. Mas é importante reconhecermos que a agenda de cada um dos deputados também está validada. Por isso, é importante identificarmos convergências para que possamos acelerar processos de projetos que vão para a Assembleia Legislativa”.
Capitão Macedo e Vilmar Lourenço, deputados estaduais eleitos, comentam com entusiasmo sobre as reformas de Eduardo, assim como sua aptidão para o famoso “toma-lá-dá-cá” entre os parlamentares: “É inteligente, da parte do governador, identificar as bandeiras e regiões de representação de cada parlamentar. Importante é saber o momento certo de buscar os possíveis apoios. Não temos divergências significativas. Acredito na redução do Estado, nas privatizações e na necessidade de negociar com os servidores e sensibilizar as corporações. Vi em Eduardo Leite muita determinação para realizar reformas profundas, que ele precisa fazer logo. Temos só um ponto para atacar. É mirar e atirar”.
No dia 9 de abril, na coletiva dos 100 dias de governo, o PSDBista voltou a fazer elegias à privatização. Em 2018 ele já anunciava suas pretensões de privatizar estatais como a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEE), Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e a Sulgás. Atualmente, além dessas companhias, leite afirma que o governo tem o compromisso de não privatizar o banco Banrisul, mas falou em novas vendas de ações e, sobre a Corsan, sua abertura de capital já está definida e acontecerá até o limite de controle acionário de 49%.
Não obstante entregar tantas estatais às mãos das grandes empresas, Leite também anunciou a concessão de quatro parques para a exploração de serviços: a Floresta Nacional de Canela, Floresta Nacional de São Francisco de Paula, o Núcleo de Gestão Integrada (NGI) nos Aparados da Serra Geral (cambará do Sul) e o Parque Nacional da Serra Geral. Essas, entre outras medidas de privatizações (como na Previdência, educação e saúde), revelam seu plano de governo massivo de venda do Rio Grande do Sul.
Nelson Marchezan Jr., prefeito de Porto Alegre, também do PSDB, não fica para trás na escolha de medidas reacionárias. Desde sua eleição, o político fez declarações, desde “propor a concessão do Mercado Público à iniciativa Privada”, até, como está acontecendo agora, um projeto de concessão de espaços públicos à iniciativa privada (por até 35 anos). Com sua reeleição, Marchezan já tomou diversas outras medidas: aumentou o valor das passagens de ônibus (tirando, inclusive, diversos benefícios à juventude e aos idosos) e está querendo expulsar centenas de famílias de suas casas em vilas que entram em conflito com a ampliação do aeroporto Salgado Filho (como consta matéria do jornal A Nova Democracia), entre outras.
A população riograndense e portoalegrense há tempos se mostra insatisfeita com a situação de completo descaso do estado e, enquanto ele sucateia a saúde, educação, espaços e tantas outras companhias e serviços públicos, para depois entregá-las às grandes empresas, o povo sofre com a falta de tudo. Enquanto os governantes se cegam com sua agenda reacionária e antipovo, não conseguem enxergar debaixo do seu nariz a revolta da população. Talvez seja por isso que a “segurança pública” do RS tenha recebido 112 viaturas para a Polícia Civil e 2.253 coletes balísticos para a Brigada Militar, em contrapartida de apenas 5 ambulâncias para a SUSEPE.