Um menino foi ferido por tiros na quarta-feira, dia 29 de janeiro, quando voltava para casa de uma festa em Vila Kosmos, Zona Norte do Rio.
Segundo parentes, João Vitor Moreira, de 14 anos, o avô e uma tia voltavam de uma festa quando o adolescente foi atingido com um tiro no pescoço. Ele foi levado para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na Zona Norte, onde passou três dias internado. Segundo a Secretaria de Saúde, ele não resistiu ao ferimento e faleceu no último dia 02. O corpo do jovem foi transferido para o Instituto Médico-Legal (IML) para passar por uma necrópsia.
Ainda não se sabe de onde partiu o disparo. Segundo o aplicativo Fogo Cruzado, só este ano quatro crianças e um adolescente foram feridos no Rio.
No dia 25, Arthur Gonçalves de 5 anos, foi atingido com um tiro na cabeça, no morro do são João. Ele permanece internado.
No dia 23/01, Victor Pietro, de 8 anos, foi atingido por uma bala perdida no pescoço dentro do carro que estava com a família, na linha vermelha. Ele foi internado no Hospital Particular Prontonil, em Nova Iguaçu, e teve alta no dia 27/01, com projétil ainda alojado entre a coluna cervical e torácica.
Dia 13, Juliana Marconi Bitencourt, de 17 anos, foi ferida no pescoço quando passava pela linha vermelha, nas imediações de Vigário Geral. Não foi divulgado estado de saúde da jovem.
Para a gestora de dados da plataforma Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, o número de crianças vítimas de tiros em janeiro deste ano é digno de “muita apreensão.”. Os números já somam 368 pessoas.
Maria Isabel destaca que as crianças estão sendo baleadas em paralelo ao discurso do governador Wilson Witzel pela reativação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs).
Maioria das crianças mortas no Rio foi vítima de Operações
Levantamentos indicam que 52% das crianças mortas a tiros no estado do Rio entre 2007 (ano de criação da ONG) e setembro de 2019 foram vítimas de disparos efetuados em ações com participação policial. Além disso, em quatro dos 57 casos analisados, as crianças estavam indo vindo ou dentro de uma escola. Em outros seis, viajavam em carros e, em 16, estavam em casa.
O Complexo do Alemão foi a localidade com o maior número de assassinatos : 6, ao todo. O Complexo da Maré e o bairro de Costa Barros, na Zona Norte, e as cidades de Duque de Caxias e de São Gonçalo registraram três casos cada um.
Uma dessas situações registradas foi a da morte do bebê Arthur Cosme de Melo, atingido antes mesmo de nascer quando a mãe foi surpreendida por uma Operação policial na Favela do Lixão.
Segundo a pesquisa, a Zona Norte (54%), Baixada (18%) e Zona Oeste (11%) foram as regiões que mais concentraram assassinatos.
Chama atenção o aumento no número de registros de crianças mortas nos últimos anos. Em 2014, foram dois. Em 2016, 2017 e 2018, 10. Cinco até setembro de 2019. A maioria dos mortos eram meninos (59%), pretos (56%) e com idade entre 7 e 14 anos (70%). A parte do corpo atingida com mais frequência foi a cabeça, ferida em 19 dos 57 casos.
João Vitor Moreira, de 14 anos, é mais uma criança vítima da guerra civil reacionária no estado do RJ.