Neste final de semana, moradores do estado do Rio de Janeiro enfrentaram alagamentos, enchentes e deslizamentos, tragédias amplamente previsíveis para esse período do ano, mas repetidas pela falta de investimento e aplicação do Orçamento na prevenção de desastres pelos governos de turno.
Diante desse cenário de estrangulamento orçamentário e eventos climáticos cada vez mais intensos, quem paga o preço é o povo brasileiro. Na região da Costa Verde, a cidade de Angra dos Reis é uma das mais críticas, com 346 pessoas desalojadas e alto risco de deslizamentos. O temporal atingiu o município entre a noite de sexta-feira (04/04) e a madrugada de sábado (05/04). De acordo com a Defesa Civil, o volume acumulado de chuva foi de 357 mm em 48 horas e de 324 mm em 24 horas.
Na Região Serrana, Petrópolis decretou situação de emergência na noite de sábado (05/04), após registrar mais de 300 mm de chuva em um único dia. Segundo boletim divulgado às 22h do dia citado, pelo menos 74 pessoas estavam desalojadas.
Em Teresópolis, a BR-116 foi totalmente interditada no km 93, no domingo (06/04), devido à queda de galhos e árvores na encosta, provocada pelas chuvas e ventos fortes, conforme informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Na Baixada Fluminense, o Parque Fluminense, em Duque de Caxias, registrou 213 mm de chuva em 48 horas — volume equivalente ao esperado para 50 dias. Em São João de Meriti, o município entrou em estado de alerta máximo após registrar mais de 80 mm de chuva nas últimas 24 horas do sábado.
A BR-040, que já havia sido fechada por conta de alagamentos na sexta-feira (04/04), voltou a registrar bolsões d’água após novo temporal na manhã de sábado (05/04), novamente em Duque de Caxias.
Em Magé, o volume de chuva chegou a 144 mm nas últimas 24 horas — 132% acima da média histórica de abril, que é de 109 mm. Moradores relataram alagamentos, enchentes e trombas d’água por todo o município.
Segundo o monopólio de imprensa “G1 Globo”, a capital fluminense teve, neste sábado, 18 pontos de alagamentos, com bolsões d’água e quedas de árvores em diversos bairros. No início da tarde, uma árvore caiu na entrada do Túnel Rebouças, sentido Zona Sul, ferindo uma pessoa. A primeira galeria do túnel foi interditada às 13h20 e reaberta às 14h50. Durante a manhã, a Defesa Civil acionou 10 sirenes em três comunidades da Zona Norte do Rio devido ao volume intenso de chuva.
De acordo com o jornal “Correio do Povo”, três pessoas já morreram em decorrência das fortes chuvas na capital do Rio de Janeiro.
Ademais, os municípios de Paraty, Mangaratiba, Barra do Piraí, Barra Mansa, Comendador Levy Gasparian, Itatiaia, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Pinheiral, Porto Real, Quatis, Resende, Rio das Flores, Três Rios, Valença, Vassouras, Volta Redonda, Miguel Pereira, Rio Claro, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Piraí, Areal, Carmo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sapucaia, Sumidouro, Teresópolis, Bom Jardim, Cantagalo, Cordeiro, Duas Barras, Macuco, Nova Friburgo, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes, Belford Roxo, Itaguaí, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Seropédica e Guapimirim também decretaram alerta máximo em razão das condições climáticas severas.
Apesar dos inúmeros episódios de calamidades registrados nos últimos anos, como as matanças com chuvas no Rio Grande do Sul em 2024, o Estado segue demonstrando descaso. De 2024 para 2025, o governo federal reduziu a proposta orçamentária destinada à gestão de riscos e desastres no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), o PLOA 2025 propõe R$ 1,7 bilhão para o programa de gestão de riscos e desastres — uma redução de R$ 200 milhões em relação ao orçamento aprovado em 2024, conforme noticiado pelo AND.
Em um contexto de agravamento dos eventos climáticos extremos, provocado pela destruição do meio natural pelo imperialismo, esse corte é ainda mais alarmante. Além disso, ainda segundo o INESC, emendas parlamentares para ações do programa também encolheram drasticamente: caíram de R$ 68,9 milhões em 2024 para R$ 39,1 milhões — uma redução superior a 50%.