Foto: A Nova Democracia
Mais de 60 pessoas reuniram-se no 9º andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para discutir e apoiar a luta dos camponeses da Baixada maranhense, organizados pelo movimento Fóruns e Redes de Cidadania. O evento, transcorrido no campus Maracanã no dia 24/10, deu destaque à denúncia de prisões e perseguições políticas promovidas pelo governador do estado, o revisionista Flávio Dino/PCdoB.
O ato faz parte da campanha de solidariedade a luta pela terra na Baixada maranhense e da campanha nacional pela liberdade dos presos políticos do governo Flávio Dino/PCdoB. No evento falaram dois representantes do movimento Fóruns e Redes de Cidadania, além de um representante da Associação Brasileira de Advogados do Povo (Abrapo), do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e do jornal A Nova Democracia (AND).
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Os representantes do Fóruns e Redes da Cidadania falaram sobre a prisão arbitrária e ilegal de cinco camponeses: Laudivino, Joel, Emilde, Edilson, além de José, que estava presente na mesa de debate. Os presos políticos ficaram nessa condição por 72 dois entre fevereiro e maio de 2019 e, no dia 13 de setembro, foram novamente presos pela Polícia Militar (PM), durante à noite, no município de Arari.
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Na ocasião da prisão, eles foram transferidos para o presídio de Viana. Segundo o representante dos camponeses maranhenses, a ordem do delegado da cidade era não levá-los sequer à delegacia, “pois ele sabia que se eles [camponeses] fossem pra delegacia o povo ia invadir e botar fogo nela”, contou.
José Diniz, que foi um dos trabalhadores que ficou preso durante 72 dias no início do ano, disse no ato que no momento de sua prisão a PM entrou em sua casa e o pegou quando ainda estava de roupa íntima em sua cama, e que foi colocado na viatura do mesmo jeito que estava vestido, sendo impedido pelos agentes de se vestir. Sua família, traumatizada e abusada pelos policiais, necessitam de acompanhamento psicológico devido aos traumas.
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O camponês e advogado Iriomar Teixeira, ativista do Fóruns e Redes, disse que por sua militância política está sendo perseguido e criminalizado por latifundiários da região entrelaçados com o sistema judiciário local. “Eles me acusam, dizem que quando eu chego nos lugares que estavam tranquilos começam a surgir confusões”, contou sorrindo, sendo seguido por aplausos do plenário. Ele contou ainda que há vários processos pedindo a cassação do seu direito a exercer a advocacia.
O representante da LCP deu uma explanação do cenário da luta pela terra na qual afirmou que a reação e o velho Estado, juntamente com os latifundiários, já haviam tomado a decisão, há muito tempo, de promover assassinatos de dirigentes camponeses, especialmente da LCP.
“Em uma reunião da Abin, latifundiários, polícia e Exército, em Rondônia, 2008, afirmaram: ‘com a Liga tem que matar, não adianta prender’. Então essa guerra, antes não declarada e agora, pela boca do Bolsonaro, explicitada, deve ser respondida também com guerra, tal como afirmamos, pois nunca deixou de existir a guerra pela terra no Brasil”.
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O dirigente camponês prosseguiu e afirmou que para que a luta pela terra triunfe em todo o país, é necessário promover a aliança operário-camponesa, que consiste em estabelecer uma direção ideológica e política proletária à luta pela terra dos camponeses. “E a coisa mais difícil é promover uma direção profundamente ligada às massas com a aliança camponesa, indígena e quilombola com a classe operária”.
Eleito afirmando que faria a “revolução burguesa no Maranhão”, o oportunista Flávio Dino comanda o governo cuja polícia promove prisões ilegais e cujo governo incentiva “investimentos” imperialistas da China e do “agronegócio” em detrimento do incentivo ao campesinato. Anteriormente, duas outras cidades haviam recebido os camponeses do Fóruns e Redes: São Paulo e Belo Horizonte, conforme já noticiamos.
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