Dez moradores do Complexo da Penha foram assassinados e três ficaram feridos em uma nova chacina cometida pela Polícia Militar (PM) e Polícia Civil, no dia 2 de agosto, na zona norte do Rio de Janeiro. Em maio deste ano, outros quatro moradores foram assassinados em operação policial na Penha, quando se completou um ano do “Massacre da Vila Cruzeiro”, quando ao menos 25 foram mortos na favela pela polícia.
O Complexo da Penha reúne 13 favelas onde vivem mais de 79 mil pessoas. A operação ocorreu principalmente nas favelas da Vila Cruzeiro e Chatuba. Os moradores do complexo estão há mais de dez horas sitiados pela incursão, que conta com um helicóptero e diversos veículos blindados rondando a favela. A operação ocorreu pouco mais de um mês após investimentos vultosos do governo federal na Polícia Militar do Rio de Janeiro e está sendo realizada por policiais do Comando de Operações Especiais (Bope, Choque, GAM e NAOE) da PM, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil.
Os moradores das favelas denunciaram a guerra contra o povo nos meios virtuais: “É incrível a forma que o Estado deixa escancarado que odeia o povo periférico. Em plena volta às aulas, mais um papo de operação em nossa comunidade.”, afirmou uma moradora. A Secretaria Municipal de Educação informou que 16 unidades escolares da região foram impactadas pela operação genocida, afetando 3.220 alunos.
Outro morador questionou: “Me diz, o problema é a favela ou o favelado? Sobe no complexo dia de quinta-feira, vão ver cestas básicas sendo distribuídas, o gás sendo entregue na porta da senhora de 60 anos, as creches recebendo lanche. Agora, na Barra [bairro de políticos e grandes empresários no RJ], 117 fuzis são apreendidos, ninguém morre, ninguém vai preso, ninguém investiga e o miliciano inelegível não sabia de nada. Pobre matando pobre, enquanto os deputados seguem investindo em exportações de drogas através de buchas laranjas. Não vê quem não quer. Brasil, uma vergonha”.
Moradores de outras favelas também denunciaram outras operações policiais que ocorriam em suas comunidades: “Aqui no Chapadão também está acontecendo uma operação. Nós trabalhadores não temos um minuto de paz!”.
Mais de 45 pessoas assassinadas pela polícia em chacinas no RJ, SP e BA em uma semana
A operação policial genocida promovida contra o povo no Rio de Janeiro ocorre ao mesmo tempo que a operação Escudo, na cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo, responsável por deixar ao menos 16 mortos segundo as últimas atualizações. Outras 19 mortes foram registradas em ações semelhantes entre sexta e segunda-feira na Bahia.
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Assim como no RJ, a operação de SP foi marcada por diversos casos de violações, como invasões de casa, torturas e execuções, como no caso de um pai que teve o filho de 10 meses arrancado de seu colo por policiais, para depois ser fuzilado em um manguezal.
Em ambos estados, o genocídio contra o povo aumenta a cada dia, resultado do recrudescimento da guerra civil reacionária aplicada pelo velho Estado brasileiro contra as massas. Apenas no ano de 2022, 1.327 pessoas foram assassinadas pelas forças de repressão no estado do Rio de Janeiro. O número representou um terço de todas as mortes violentas no estado naquele ano. Também no mesmo ano, a chamada “letalidade policial” atingiu seu maior pico em 15 anos. A maior chacina em operação policial realizada no estado ocorreu no ano de 2021, quando 27 jovens foram assassinados na favela do Jacarezinho. Os números, altos há décadas, atingiram recorde sob o governo genocida de Cláudio Castro (PL), que mesmo antes do massacre do dia 02/08 já era responsável por 3 das 5 maiores chacinas da história do estado.
Já em São Paulo, somente no primeiro semestre do ano de 2023, sob o governo do ultrarreacionário bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), houve uma alta de 26% em assassinatos por policiais em serviço, em comparação ao ano passado. Foram 155 pessoas assassinadas por policiais militares ou civis em serviço. Somando-se também as mortes provocadas por policiais que estavam de folga, esse total passa para 221, em dados subestimados.
Os números de assassinatos policiais também aumentam no resto do País. Os índices cresceram em estados como Amapá, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná, reflexos da guerra civil reacionária contra o povo levada a cabo pelo velho Estado brasileiro. Em 2022, o Brasil registrou 6.429 mortes nas mãos da polícia, o que equivale a 17 por dia, segundo dados subestimados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
São essas tropas de repressão as responsáveis diretas pela manutenção da velha ordem de opressão e exploração, e pela imposição de choque permanente, controle, cerco e terror diário contra as massas mais profundas no país. Conforme se agrava a crise econômica, política e social e a agitação popular por melhores condições de vida, agrava-se também a repressão contra as massas, na tentativa de frear e coibir o inevitável desenvolvimento da situação revolucionária no País.