Arthur Gonçalves Monteiro, de 5 anos, foi baleado com um tiro na cabeça durante uma intervenção policial. O crime ocorreu na noite do dia 27 de janeiro. Arthur acompanhava o pai em uma partida de futebol no Engenho Novo, na zona norte da cidade.
Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) entraram atirando no local onde estava acontecendo uma partida de futebol. O pai de Arthur Roberto Monteiro se jogou em cima do filho na tentativa de protegê-lo dos tiros, mas acabou sendo atingido e o tiro atravessou a sua mão e acertou a criança na cabeça.
João Paulo, tio do menino, afirmou: “Toda segunda-feira tem esse futebol dos amigos do meu irmão, isso nunca tinha acontecido, mas aconteceu esse tiroteio. Meu irmão pegou meu sobrinho, se deitou em cima dele, colocou a mão na cabeça dele, mas a bala atingiu a mão do meu irmão e depois a cabeça do Arthur, onde ficou alojada. O pai dele tomou 12 pontos, mas isso não foi nada. Ele está em choque, desesperado, está tremendo, não consegue falar e nem comer. Ele fez o que podia para proteger meu sobrinho”.
O pai de Arthur foi atendido e liberado no mesmo dia do hospital. De acordo ainda com a família, o menino foi operado e transferido no fim da manhã do dia 28 para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.
O tio relatou que “o neurocirurgião fez a cirurgia, viu se tinha hemorragia e deixou ele estável, mas o estado de saúde é grave. O hospital fez o que podia”. Segundo ele, o menino passa por uma série de exames. Apesar da cirurgia, o projétil ainda não foi retirado da cabeça da criança.
“O pai está muito nervoso. Eu sei que a bala não foi removida. Não sei se não podia ser retirada, se era melhor esperar ou se não conseguiram. Não entendi o motivo, sei que tudo foi feito, mas a bala continua lá”, conta o tio da criança.
Arthur já é a segunda criança vitimada por invasões policiais só este ano.
No dia 10 de janeiro, Anna Carolina Neves, de 8 anos, faleceu depois de ser alvejada na cabeça enquanto estava deitada no sofá de casa, em Belford Roxo.
O aumento das mortes de inocentes (ou “suspeitos”, como dizem os monopólios dos meios de comunicação) é resultado direto da piora das condições de vida das massas populares, que lança uma parcela da juventude na delinquência – justificativa usada pelo velho Estado para aumentar o número de operações, armar suas forças policiais e promover o aumento da matança policial contra os pobres para mantê-los passivos.
Em todo o estado do RJ, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de novembro de 2019, mais de 2,9 milhões de pessoas (39% da força de trabalho ocupada) estão submetidas à informalidade, em condições degradantes de trabalho e sobrevivência, enquanto outros 1,2 milhão de trabalhadores amargam o desemprego absoluto. A desocupação atinge 14,5% da população. Mais de 124 mil pessoas já desistiram de procurar emprego.
Menino de 5 anos está em estado grave na UTI do Hospital Estadual Getúlio Vargas. Foto: Reprodução/TV Globo