RJ: Debate discute 50 anos do AI-5 na UFF

RJ: Debate discute 50 anos do AI-5 na UFF

O Núcleo de Estudos em Economia e Sociedade Brasileira (NEB) promove debate sobre os 50 anos do Ato Institucional nº 5 (AI5) na Universidade Federal Fluminense (UFF) na tarde de hoje (01/10).

O evento contará com a presença dois professores da instituição e uma doutoranda da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), são eles: Joana D’Arc, professora do Instituto de Filosofia, Ciências Sociais e História e militante do Grupo Tortura Nunca Mais, Demian Melo, professor de História do Bacharelado em Políticas Públicas e Lívia Salgado, doutoranda do Programa da Pós Graduação em História.

Evento: Debate – 50 anos do AI5 – memória, luta e resistência

Local: Auditório da Faculdade de Economia da UFF, Campus do Gragoatá, Niterói, RJ

Endereço: Rua Alexandre Moura, Bloco F, 8 – São Domingos, Niterói – RJ, 24210-200

Data: 01/10

Horário: 18h

O AI-5 e o Estado matador, ontem e hoje

Os 50 anos do AI-5 e seu significado é um tema de grande relevância, principalmente no momento atual de crescente reacionarização do velho Estado, por um lado, e formidável desenvolvimento da situação revolucionária no país, por outro.

Por isso repercutimos a seguir um trecho do artigo publicado na edição nº45 de AND, pelo professor Fausto Arruda, intitulada: O AI-5 e o Estado matador, ontem e hoje:

“Passar um pente fino no período do regime militar é revelar dois aspectos antagônicos que nenhum dos dois lados hora em aparente pugna tem interesse em verem revelados. Primeiro que o AI-5, ao contrário do “golpe dentro do golpe”, como alguns o chamam, foi, na verdade, a sequência e aprofundamento da quebra da legalidade praticada pelo imperialismo e pelas classes dominantes nativas, lacaias em 1964, quando as forças armadas, como espinha dorsal do Estado burguês-latifundiário semicolonial, desencadearam a luta armada contra o povo brasileiro em geral e, seletivamente, contra aqueles que, ao organizarem a resistência, direcionavam a sua luta por transformações de profundidade na sociedade brasileira.

Militares e civis, portanto, agiam segundo os interesses das classes dominantes exploradoras. Classes estas cujos interesses e poder sequer foram arranhados com o final do regime militar e nem mesmo os privilégios mais descarados. Basta examinarmos a trajetória de tantas figuras como José Sarney ou de Delfim Neto, que serviram e se serviram do regime militar e que, hoje, mantêm-se como expoentes na qualidade de conselheiros de Luiz Inácio. Ou da imprensa, como a Rede Globo do Sr. Roberto Marinho e Folha de São Paulo do Sr. Frias — só para ficar em alguns exemplos de monopólios de informação que querem se passar por paladinos da “liberdade de imprensa” —, como outros que se nutriram, fizeram-se ricos com apoio do regime fascista a quem serviram fielmente. A cumplicidade entre os homens da FIESP, da OBAM e do DOI-CODI não poderá jamais ser esquecida.

Em segundo lugar, no campo da resistência, se tivemos exemplos belíssimos de coragem, destemor, honradez e compromisso com a causa, acima de seus interesses pessoais e acima da própria vida, tivemos os que fraquejaram, os que capitularam, rastejaram feito vermes e os que renegaram. Muitos destes se recolheram à sua insignificância. Outros, porém, apesar de carregarem nas costas, e principalmente em suas consciências, o peso do sacrifício e da morte de inúmeros companheiros e companheiras — pior ainda, delatores e cachorros da polícia política e ladrões dos fundos das organizações a que pertenceram — insistem em ostentar sua condição de perseguidos e injustiçados pelo regime militar e em cima disto reivindicarem para si polpudas reparações materiais e elevados cargos na estrutura do mesmo velho e genocida Estado que agora ajudam a perpetuar caiando sua fachada.

A maioria dos camponeses, operários menos qualificados, cabos e soldados que participaram da resistência ao regime militar, entretanto, ainda não recebeu nenhuma reparação ou recebeu migalhas. Figuras como FHC, Serra, Luiz Inácio, José Dirceu, Genuíno, Tarso Genro, e outros tantos, que para alcançarem o topo do velho Estado se venderam ao capital e ao chegarem à sua gerência se acumpliciaram cabalmente com as classes dominantes exploradoras e reacionárias e o imperialismo. Estas mesmas classes que implantaram o regime militar fascista, para executarem um verdadeiro genocídio contra as massas pobres do Brasil.

A militarização da sociedade, seja por parte diretamente do velho Estado, seja por parte da segurança privada e todo tipo de pistolagem, tem desencadeado a perseguição, a tortura e a morte de camponeses em nome da “paz no campo” para o latifúndio agir sem limites e a prisão, tortura e matança de trabalhadores e do povo pobre das favelas em nome da luta contra o tráfico de drogas e armas, cujos maiores responsáveis se encontram encastelados na estrutura desse mesmo velho Estado corrupto de cima a baixo, até a medula.

Temos dito e repetido que o oportunismo (a falsa esquerda canalha de PT, PCdoB, PSB, PPS, PDT, etc.) quando se presta a assumir o gerenciamento do velho Estado, transforma-se no maior empecilho para que as massas possam organizar sua luta de forma independente, na busca de concretizar seus mais mínimos direitos e menos ainda seus interesses estratégicos. Assim, reacionários de pedigree e tradição se unem aos oportunistas tanto no encobrimento do passado quanto na sabotagem do futuro. Como grupos de poder se conluiam para manter a exploração e opressão das massas trabalhadoras e vender a Pátria, rivalizam e pugnam entre si para decidir qual abocanha mais o botim do Estado.”

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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