RJ: Durante manifestação em Copacabana, camelôs dizem basta à repressão policial

RJ: Durante manifestação em Copacabana, camelôs dizem basta à repressão policial

Camelôs de toda a cidade do Rio de Janeiro protestaram, no dia 18 de janeiro, no bairro de Copacabana, contra as frequentes agressões e roubos de mercadorias por policiais da Guarda Municipal (GM) de Eduardo Paes (PSD). Repudiando a repressão policial, eles fecharam uma via movimentada do bairro turístico. As recentes mobilizações ocorrem após duas agressões sofridas pelos trabalhadores serem divulgadas em vídeo desde o mês de dezembro do ano passado.

Maria do Carmo, organizadora do Movimento Unido dos Camelôs (Muca) e do movimento Trabalhadores Sem Direitos afirmou à Agência Brasil: “A gente tem recebido vídeos dos camelôs apanhando da Guarda Municipal, perdendo a mercadoria, estouro de depósito, levando toda a mercadoria. A gente está perdendo mercadoria direto, não está conseguindo pegar de volta nossa mercadoria no depósito”.

Maria do Carmo acrescenta que trabalhadores de outros bairros do Rio de Janeiro também sofrem os mesmos problemas. E que a intenção do movimento é fazer outras manifestações.

“Pretendemos sim fazer manifestações muito maiores na porta da prefeitura com camelôs de todos os bairros. Porque eu não tenho condições de chegar em casa e não ter comida pra dar a meu filho, olhar para a cara dele e falar, eu não tenho comida para te dar. As pessoas estão desempregadas e as pessoas precisam ter espaço na rua para trabalhar”, denunciou a trabalhadora.

TRABALHADORA É ESPANCADA APÓS REAGIR CONTRA ROUBO DE MERCADORIAS PELA GM

Silvani Fernandes da Silva é camelô na área de Copacabana e, após ter lutado por manter seu carrinho e mercadorias, denuncia que foi espancada pela GM. A camelô, reagindo à violência dos policiais, não se intimidou e quebrou uma garrafa nas costas de um dos guardas.

“No dia 30 de dezembro para muitos já era festa, para mim foi um pesadelo. Duas e meia da manhã os guardas cercaram todos os camelôs, começaram a correr atrás de todos, pegaram o meu carrinho, eu entreguei o meu carrinho, mesmo eu entregando, ele jogou spray de pimenta na minha cara, eu caí no chão, no chão ele deu um chute nas minhas costas”, contou a trabalhadora.

CAMELÔS ENFRENTAM A GM COM PEDRAS

No dia 18 de dezembro, um mês antes da manifestação dos camelôs, ocorreu em Copacabana um enfrentamento entre camelôs e a “rapa”, como é conhecida as operações de “fiscalização” dos guardas municipais. Os agentes promoveram a destruição dos comércios informais, roubando mesmo as mercadorias com nota fiscal, destruindo banquinhas e atirando spray de pimenta nos trabalhadores e trabalhadoras, assim como nos pedestres. Um camelô teve a cabeça atingida com um cassetete pela GM e começou a sangrar. Contra a covardia dos agentes, os camelôs responderam atirando pedras.

PAES É DENUNCIADO POR CORRUPÇÃO PASSIVA E LAVAGEM DE DINHEIRO

Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social de 2020 revelou que, naquele ano, o Rio de Janeiro era o estado com maior índice de informalidade do país. No estado naquele ano, aumentou em cerca de 7% a informalidade, uma média três vezes maior que no resto do país. Já no ano seguinte, em 2021, uma pesquisa da mesma instituição mostrou que os trabalhadores informais do Rio de Janeiro foram os mais afetados pela pandemia Para milhões dos camelôs, a informalidade é a única saída frente ao desemprego e carestia geral.

Mesmo com essa grande quantidade de massas fluminenses que recorrem à informalidade, prossegue na capital fluminense a perseguição diuturna da GM contra os camelôs, repressão que continua ano após ano, mandato após mandato.

Enquanto criminaliza e envia a GM para espancar os trabalhadores informais, Eduardo Paes, que é pela terceira vez prefeito do Rio de Janeiro, foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. É estimado que ele tenha recebido R$ 10,8 milhões da Odebrecht nas eleições de 2012, entre diversas outras denúncias, inclusive de receber R$ 8 milhões em propina, denunciado por um ex-secretário. Contra Paes nenhuma perseguição é aplicada, como é a regra da velha política profissional brasileira.

Imagem de destaque: Vendedores informais fazem protesto em Copacabana após agressões e roubos pela GM. Foto: @mucarj/Instagram

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