Massas famintas levam alimentos de caminhão: Foto: Reprodução.
Três caminhões com alimentos foram confiscados e levados para dentro de comunidades pobres em menos de 24h na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Na manhã do dia 28 de janeiro, delinquentes roubaram um caminhão que passava pela avenida Brasil e o levaram para dentro da comunidade Furquim Mendes, no bairro Jardim América, zona norte do Rio. Nas imagens captadas pelo helicóptero do monopólio de imprensa Globo, foi possível ver os varejistas descarregando a carga ao mesmo tempo que massas famintas pegavam como podiam os sacos que sobravam. Pouco depois, a Polícia Militar (PM) entrou na comunidade com carros blindados e atirando, fato que provocou correria com os moradores tentando se proteger das balas.
Na manhã do dia 29 de janeiro, outros dois caminhões dessa vez com carnes foram interceptados por homens armados, na BR-101, na altura de Boaçu, no município de São Gonçalo. Os dois caminhões foram levados para o complexo de favelas do Salgueiro. Segundo informações da empresa dona das cargas, elas estavam avaliadas em R$ 50 mil, e continham peças de carnes bovinas, suínas e de frango.
Salário de fome
De acordo com um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese), divulgado no dia 11 de janeiro, o salário mínimo necessário para suprir os gastos mensais de uma família de dois adultos e duas crianças teria que ser de R$ 5.304, ou seja, 382% maior do que os atuais R$ 1.100.
A pesquisa feita pelo Dieese tem como base a o preço da cesta básica mais cara do país, no caso a de São Paulo, que em dezembro de 2020 custava R$ 631,46. Vale lembrar que no mesmo mês o salário mínimo era de R$ 1.045.
O instituto também demonstrou que em 2020, o brasileiro gastou 56,57% do salário mínimo líquido para comprar alimentos básicos para uma pessoa adulta.
Os alimentos que tiveram mais altas no preço foram o arroz, o óleo de soja, a carne, o tomate e a batata. A Pequisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos também mostrou que os preços aumentaram em 16 das 17 capitais analisadas, com as maiores altas sendo em Brasília (17,05%), Campo Grande (13,16%) e Vitória (9,72%).
Crise do Capitalismo Burocrático
Recentemente o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revelando que mais da metade da população brasileira com idade para trabalhar está desempregada (50,5%). Numa situação de agravada privação dos direitos básicos como à alimentação, os confiscos são um meio encontrado pelas classes populares de amenizar a carestia.
Os confiscos de alimentos têm acontecido também com maior frequência por conta crise econômica do capitalismo burocrático, agravada pela crise sanitária da Covid-19, que tem submetido o povo a condições de vida cada vez mais indignas. Com o fim do auxílio emergencial, a crise econômica tende a se aprofundar e a rebelião popular fica cada vez mais na ordem do dia, fato esse que já preocupa o governo Bolsonaro/generais, causando pugnas e disputas acerca da direção da ofensiva contrarrevolucionária em curso.