RJ: Estudante da UERJ denuncia descasos com Institutos de Química e Biologia

Após a combativa manifestação do dia 05/09, os estudantes da UERJ ocuparam o Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, o Haroldinho, que abriga os institutos de química e biologia da universidade. Durante a ocupação, foi encontrado uma série de prontuários de usuários do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) abandonados em um depósito.
Foto: Reprodução

RJ: Estudante da UERJ denuncia descasos com Institutos de Química e Biologia

Após a combativa manifestação do dia 05/09, os estudantes da UERJ ocuparam o Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, o Haroldinho, que abriga os institutos de química e biologia da universidade. Durante a ocupação, foi encontrado uma série de prontuários de usuários do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) abandonados em um depósito.

O Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, o Haroldinho, sofre há anos com problema como a proliferação de fungos, fiação exposta e goteiras. Para agravar a situação, o prédio não conta com saídas de emergência.

Após a combativa manifestação do dia 05/09, os estudantes da UERJ ocuparam o Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, o Haroldinho, que abriga os institutos de química e biologia da universidade. Durante a ocupação, foi encontrado uma série de prontuários de usuários do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) abandonados em um depósito.

Cerca de uma semana após a ocupação, o correspondente local de AND coletou uma série de denúncias de uma estudante do Haroldinho, que relatou detalhadamente a gravidade da situação em que se encontra o prédio.

Subsolo

Segundo a estudante, a irregularidade mais evidente pode ser encontrada no subsolo. O prédio foi construído abaixo do nível do Rio Maracanã e não conta com o material ou a manutenção suficiente para evitar infiltrações. Como consequência, o local é muito quente e úmido, reunindo uma grande quantidade de mofos.

É precisamente no subsolo em que se encontram as salas dos terceirizados, a sala de convivência dos estudantes de biologia, a Atlética e um complexo de laboratórios. Os fungos, em maioria, são prejudiciais à saúde e comprometem a estrutura do prédio. A estudante relata que um sofá foi perdido para o mofo.

A única medida para evitar a proliferação dos mofos partem dos próprios estudantes, que desembolsam cerca de 60 reais por mês para a compra de antifungos, sem qualquer tipo de reembolso por parte da reitoria. A situação do mofo chega a se tornar um perigo também para os alunos que estão escrevendo seus TCCs, pois muitas amostras necessitam de ambiente controlado. Alguns estudantes chegam a levar suas amostras pra casa para não perde-las por completo.


Situação dos andares

Localizado no Quinto Andar, o CaBio também tem a presença de mofo. Estudante relata que, por conta de goteira, se perde equipamento e amostras. A alternativa encontrada foi cobrir os objetos com um pano. Ao chegar no prédio, a correspondência de AND pôde constatar a alta quantidade de fios a mostra no teto, além de buracos mal remendados em todos os andares.

Apenas em 2023, Mario Carneiro (ex-Reitor), na época de eleição para a reitoria, realizou uma impermeabilização no teto. Porém de nada adiantou, logo no teste constaram que a goteira continuava. Além disso, o reitor também pintou o prédio, mas apenas por fora. No segundo andar há uma sala de aula interditada e segundo a denúncia, a fragilidade do piso é tão grande que apenas as cadeiras já conseguem afundar o chão.

Apesar da fiação exposta, do teto vazado e da crescente infiltração, o Haroldinho não conta com qualquer saída de emergência, o que agrava os riscos em caso de qualquer incidente.

Falta de sala de aula para Biologia

Falta sala para dar aula. Por conta disto, construíram um anexo no Haroldinho, um prédio de apenas dois andares. Que também sofre de todo o mal que o prédio principal sofre. Além de parte das aulas acontecerem no anexo, também acontecem no Pavilhão Reitor João Lyra Filho (também no campus Maracanã) e no Pavilhão Américo Piquet Carneiro (PAPC) em Vila Isabel.

Quando a aula é no Pavilhão de Vila Isabel, um campus sem bandejão, é normal não conseguir almoçar no Campus Maracanã, pôs não dá tempo de ir até a bandejão e enfrentar a fila e voltar. Trazer marmita de casa não é uma opção, pôs não há micro-ondas para esquentar a comida.

Desvio de função da Segurança Patrimonial terceirizada.

Os terceirizados responsáveis pela integridade do patrimônio do prédio, são constantemente postos sob desvio de função. Como os refrigeradores com materiais de estudo não são projetados para esta finalidade, os guardas ficam a cargo de verificar a todo momento se não há alguém abrindo um freezer, desregulando a temperatura, ou qualquer outra coisa que um equipamento e um local adequado já resolveria.

Não há brigadistas no prédio. Recentemente, uma estudante passou mal e quem fez os primeiros socorros foi o guarda patrimonial, inclusive já preparados para caso isso aconteça, o que nada mais é que desvio de função, em uma universidade que não tem nenhuma vaga para socorristas.

O Haroldinho

O Pavilhão onde hoje é o Haroldo Lisboa da Cunha (Haroldinho) foi construído na década de 30, com a premissa de se tornar o Hospital das Clínicas. Porém, com o abandono da construção, o lugar foi ocupado por famílias sem teto, surgindo então a Favela do Esqueleto, que durou até o início dos anos 60, antes de ser removida, como consequência da política de remoções do Estado da Guanabara (sob o comando de Carlos Lacerda). Ainda no início dos anos 60, iniciam-se as obras para a construção de uma faculdade pública. Antes de se tornar UERJ, foi UDF (Universidade do Distrito Federal), URJ (Universidade do Rio de Janeiro), UEG (Universidade do Estado da Guanabara) e só então em 1975, se tornou a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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