Estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) realizaram um grande protesto pela revogação total do Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDA) nº 038, conhecido como “AEDA da Fome”. Concentrando-se em frente ao prédio da Faculdade de Enfermagem, ocupada por estudantes autenticamente independentes desde 26/08, o Ato seguiu até as portas do principal campus da universidade, apesar dos ataques da Polícia Militar (PM), arrastando pelo menos uma centena.
Mal havia anoitecido quando as ruas do bairro do Maracanã foram completamente tomadas pelos estudantes em luta. À dianteira, se via a faixa do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) com os dizeres: UERJ sem bolsa é fogo!
A manifestação foi definida em uma Assembleia estudantil realizada no dia 2, quando, por ampla maioria, foi decidido pela radicalização da greve de ocupação até que os ataques da reitoria à assistência estudantil sejam completamente suprimidos. O ato ocorreu apesar das tentativas dos movimentos oportunistas de desmobilizar ao máximo, ora não convocando as massas, ora buscando alterar a rota da marcha de protesto.
O ato não só enfrentou o oportunismo dentro do movimento estudantil, mas também a repressão com sua conhecida dissuasão. Ao chegar na rua São Francisco Xavier, inúmeros carros de polícia apareceram para intimidar os estudantes em luta e chegaram a reprimir um estudante que estava fazendo a cobertura da luta.
Quando o ato virou na Radial Oeste, principal avenida do bairro, os estudantes autenticamente independentes e combativos, dentre os quais o MEPR, se colocaram imediatamente na defesa do direito à manifestação com pedras na mão e formando barricadas com pneus em chamas. Um boneco com o rosto da reitora Gulnar Azevedo também foi queimado.
Em resposta, os policiais continuaram ameaçando os estudantes mostrando seus fuzis letais e jogando bombas de gás lacrimogêneo, por vezes mirando dentro da faculdade para atingir o máximo de alunos possível.
Durante a repressão policial, os estudantes ecoaram cantos em repúdio à violência policial como Sem hipocrisia, essa polícia mata pobre todo dia e Que vergonha, que vergonha deve ser, reprimir trabalhador só pra ter o que comer, elevando a unidade de luta contra os reacionários de todo tipo.
Ao fim da manifestação, os estudantes independentes prometeram elevar sua combatividade e o espírito de consequência nas suas ações, compreendendo que apenas a luta radical poderá eliminar de uma vez por todas a AEDA da Fome e reerguer o movimento estudantil independente na UERJ contra todo o oportunismo.
O “AEDA da Fome” revoga direitos das massas estudantis conquistadas com mobilização e luta por décadas. Por exemplo, a redução pela metade do auxílio-material (antes pago duas vezes ao ano, no valor total de R$ 1,2 mil) e a restrição do auxílio-alimentação aos estudantes cujo campus não possui restaurante universitário. O auxílio-creche, antes fornecido às mães estudantes que o solicitassem, também foi restrito e será pago a apenas 1,3 mil estudantes.