RJ: Estudantes da UERJ ocupam reitoria após Reitoria cortar auxílios de 5 mil estudantes

RJ: Estudantes da UERJ ocupam reitoria após Reitoria cortar auxílios de 5 mil estudantes

Na noite de sexta-feira, 26 de julho, estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ocuparam a reitoria do campus Maracanã logo após uma manifestação em denúncia de novas medidas que restringem as bolsas e auxílios dos estudantes.

O anúncio feito pela reitoria da aprovação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) Nº0038, que instaura novas medidas para a concessão e manutenção de auxílios e bolsas para estudantes, tanto cotistas quanto não cotistas, causou revolta em todo o corpo estudantil. A Aeda aprovada institui que estudantes não cotistas devem possuir uma renda inferior a meio salário mínimo para poderem receber a Bolsa Auxílio a Vulnerabilidade Social (Bavs), que era concedida até então a estudantes que recebiam até um salário mínimo.

Além disso, outras alterações na política de assistência estudantil vêm causando revolta entre os estudantes. São elas: o fim do auxílio alimentação nos campi que possuem bandejão, a alteração o auxílio material didático de R$ 600 (antes pago semestralmente, passará a ser pago anualmente), sendo necessário aos estudantes que o recebem apresentarem comprovantes dos itens comprados com o dinheiro do auxílio.

Todas essas alterações foram feitas através da Aeda, não sendo discutido na instância de deliberação máxima da Universidade, o Conselho Universitário. E, como se já não bastasse, foi feito durante o recesso universitário, num claro demonstrativo de que os interesses da reitoria (eleita há poucos meses) não é o diálogo, mas sim de aceitar a precarização imposta pelo governo estadual. Também em parceria com o governo do Estado, a reitoria já vem atrasando os auxílios e bolsas durante meses.

Após receber a notícia do corte nas bolsas, os estudantes rapidamente se mobilizaram mesmo em férias para protestar contra a medida reacionária da reitoria. 

A medida foi batizada pelos estudantes como “Aeda da fome”. A mobilização escolhida foi a organização de uma manifestação em repúdio à medida no dia 26/07. Durante o ato, os estudantes partiram em direção à reitoria e decidiram pela ocupação. Nem mesmo as portas blindadas foram suficientes para impedir a legítima mobilização.

Na madrugada após a ocupação, a Polícia Militar (PM) foi levada para tentar intimidar os estudantes em luta. Os estudantes denunciam que a PM foi conduzida após um pedido de um professor da universidade chamado Carlos Eduardo Guerra. Portando armas de fogo e ameaçando os estudantes de processo por dano ao patrimônio público, a força de repressão se retirou sem alcançar seu objetivo de desmobilizar a ocupação.

Reitoria barra entrada de estudantes 

No dia 27 de julho, no dia seguinte da ocupação, outros estudantes foram prestar apoio à ocupação, porém foram barrados. Eles se depararam com os portões da Uerj fechados com a presença extensiva de seguranças, inclusive armados, e de PM’s portando fuzis. Apenas os estudantes solidários à ocupação estavam sendo barrados, enquanto outros indivíduos e funcionários da reitoria tinham livre trânsito na universidade.

Até mesmo os advogados de entidades estudantis e dos sindicatos dos docentes da Uerj foram barrados de entrar no prédio da universidade, o que configura um ataque às prerrogativas do advogado. Os ocupantes só conseguiram ter seu direito de apoio jurídico após membros da Comissão de prerrogativas da Ordem da OAB acionarem a polícia para garantir o direito de entrar no prédio.

Após muito esperar do lado de fora dos portões, os estudantes começaram a pular os muros e grades e a pressionar os funcionários da reitoria a deixarem que alimentos e água fossem levados até os estudantes que haviam dormido na ocupação, já que estes já se encontravam sem recursos. Os estudantes só conseguiram fazer com que os alimentos entrassem e não ficassem estragando ao sol após pressão contra a reitoria e os seguranças.

Por volta das 17h, os estudantes que estavam presos ao lado de fora do prédio invadiram o mesmo pelas janelas e obrigaram os seguranças a abrirem as portas permitindo que todos entrassem. Entoando palavras de ordem como Deixa passar a revolta popular!, os estudantes rumaram em direção a reitoria para realizar uma assembleia, onde foi decidido pela manutenção da ocupação. Outra deliberação foi uma plenária para domingo às 17h e a preparação de um grande ato para segunda-feira, dia em que está marcada uma visita de Luís Inácio à Uerj.

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