No dia 17 de agosto, o gerenciamento reacionário de Marcelo Crivella/PRB realizou uma Operação conjunta da Guarda Municipal (GM) e a Defensoria Pública contra camelôs e trabalhadores informais no Largo da Segunda-feira, região da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Durante a violenta ação os guardas atacaram covardemente os trabalhadores que ocupavam parte da calçada da Rua São Francisco Xavier, agredindo-os e tomando-lhes as mercadorias, sua única fonte de renda.
O caso mais grave aconteceu com o auxiliar de mercado que trabalhava atendendo fregueses de um grande mercado da região. Quando os agentes da repressão ameaçaram confiscar seu seu instrumento de trabalho – um carrinho que utilizava para carregar compras de fregueses do mercado em troca de gorjetas – e arremessá-lo no lixo, o trabalhador protestou e reagiu, segurando firmemente sua ferramenta de trabalho, ao que foi ameaçado pela GM. Após a dura luta travada pela posse do objeto, a repressão enfim conseguiu tomá-lo de suas mãos e lançando-o no caminhão de lixo.
Um camelô que vendia livros em sua tenda improvisada também denunciou os abusos e desabafou sobre a situação de miséria que vivem, denunciando os crimes do velho estado:
“Ninguém ‘tá’ nessa vida porque quer, não. Ninguém quer ficar dormindo no papelão no chão. A gente quer ter uma casa, poder fechar uma porta. Ver uma televisão. Ter uma família, ter um filho, ter uma esposa. Isso aí é problema social”, desabafou. E denunciou: “No abrigo que a gente tem – papo reto – a gente chega de manhã, toma café; acabou de tomar café, os caras falam assim mesmo, dessa forma: ‘Mete o pé, para a rua!’ Acabou de almoçar: ‘Mete o pé, só volta pra jantar e dormir’. Os caras não dão auxílio nenhum, os caras não tiram documento, não dão trabalho, não dão nada. Eu tenho ensino médio completo, podia ter um auxílio, mas os cara não dão nada”.
A criminosa Operação e as denúncias dos trabalhadores foram registradas em vídeo por estudantes da região que passavam pelo local e presenciaram mais esse crime contra o povo.
Solidariedade de classe
Transeuntes e moradores que passavam pelo local também protestaram em solidariedade e condenaram a Operação. Mas a resposta mais contundente veio por parte dos estudantes, que mobilizaram-se para ajudar diretamente os camelôs reprimidos.
Frente a este crime contra o povo, estudantes do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) percorreram as turmas do colégio “Elite”, informando e, principalmente, mobilizando os secundaristas em repúdio ao covarde ataque que acabara de acontecer contra os trabalhadores. Indo de sala em sala, os ativistas denunciaram amplamente a ação da GM de Crivella e politizaram os estudantes, ressaltando a importância da mobilização para combater os crimes contra o povo e a solidariedade de classe na luta popular.
Comprovando que os trabalhadores podem contar com todo o apoio dos estudantes, os secundaristas promoveram uma arrecadação e compraram alimentos para os trabalhadores.
Monopólio criminaliza camelôs
Na mesma semana em que ocorria esse crime, o monopólio de imprensa serviçal do imperialismo e do capitalismo burocrático, já reconhecido amplamente por seu longo histórico de ações anti-povo, “O Globo”, instigava a opinião pública contra os ambulantes, afirmando em seu noticiário que “camelôs vendem produtos suspeitos e estimulam roubos de cargas”.
Prosseguindo sua campanha por criminalizar o povo trabalhador, a matéria induzia a perversa conclusão de que o crescente número de camelôs no Rio de Janeiro estimularia o aumento do roubo de cargas.
“O Globo” só esqueceu-se propositalmente de dizer que tanto o comércio informal como o roubo de cargas se devem aos astronômicos níveis de desemprego que aumenta todo mês, e ao qual o povo brasileiro é submetido, consequência direta de um Estado que promove a desindustrialização do país em favor de banqueiros e multinacionais, que joga os prejuízos nas costas do trabalhador e concentra o lucro nas mãos dos grandes burgueses e latifundiários.
Trata-se de mais uma tentativa por parte do monopólio de imprensa para dividir o povo, jogar massas contra as massas, alimentando falsas polarizações entre os trabalhadores, numa fútil tentativa de criminalizar os trabalhadores mais pobres e responsabilizá-los pelos problemas das massas, como se o Estado não tivesse nada a ver com isso.
Mas as massas se mostram cada vez mais unidas e cada vez mais coesas para combater o velho Estado, rompendo cada vez mais com as ilusões e se organizando de forma independente e combativa, como demonstra a solidariedade classista dos estudantes com os camelôs.
Só o povo organizado é capaz de solucionar os seus problemas, e os estudantes organizados comprovaram isso na prática.
Camelô recebe solidariedade de classe após agressões da Guarda Civil