O governo do estado do Rio de Janeiro anunciou que irá vender o restante das ações da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). A companhia já havia leiloado a concessão dos serviços de distribuição, coleta e tratamento de esgoto em 2021 e agora planeja entregar a concessão da produção de água tratada também para a iniciativa privada.
O governo estadual publicou no Diário Oficial, no último dia 6/12, um aviso de licitação para contratar uma instituição financeira que auxiliará na estruturação e execução do processo de abertura de capital da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Agora, pretende-se entregar os demais serviços da Cedae, como o da produção de água tratada, para a iniciativa privada.
Isso é uma continuidade do processo de privatização da estatal, onde em 2021, o estado promoveu leilões de concessão dos serviços de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto. As consequências dessa negociação se deram numa decaída na qualidade do serviço, que passou a distribuir menos água para a população, fazendo os moradores sofrerem com contínuos racionamentos de água.
Massas protestam cada vez mais contra a falta d’água
A diminuição da distribuição, as constantes faltas d’água e os atrasos para o reabastecimento são fatores que desenvolvem uma crise hídrica prejudicial aos moradores. E ainda neste cenário, as tarifas da água continuam a subir, agudizando a crise e deixando a população cada vez mais indignada. Como resultado, as manifestações populares pelo acesso à água e contra as concessões privadas têm se tornado cada vez mais frequentes.
Os protestos vêm ocorrendo em diversas localidades do Rio e são uma demonstração da luta pela água que vem se desenvolvendo na Região Metropolitana. No ano passado, moradores de Nova Iguaçu e Seropédica protestaram em cima da ponte do Rio Guandu e denunciaram o descaso das concessionárias privadas e atearam fogo em um carro da Águas do Rio. Moradores da Vila Kennedy ergueram barricadas na Avenida Brasil, e numa outra ocasião, moradores de Realengo fecharam duas faixas da avenida também em protesto.
O cenário de descontentamento se deve ao descaso e piora da qualidade do serviço, que é consequência do processo de privatização em curso desde 2021. A abertura de capitais da Cedae representa uma continuidade desse processo, que teve como consequência uma acentuação da crise hídrica que só tem prejudicado a população, que cada dia mais se revolta.