A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) – empresa do estado governado por Wilson Witzel – está fornecendo água com geosmina e outros substâncias tóxicas para o povo, segundo estudiosos, no dia 8 de janeiro. A água não potável está sendo distribuída desde o dia 03/01, quando surgiu as primeiras denúncias de moradores.
Apesar de gerentes da Cedae afirmarem que a água está potável, estudiosos rebatem. “Uma água que tem aquela cor e turbidez que estava apresentando nos primeiros dias, que ainda há resíduo na água, residual em menor quantidade, mas é, não faz bem a ninguém. Essa água não deveria ser ter sido distribuída em momento algum”, afirmou o especialista em engenharia sanitária e ambiental, Gandhi Giordano, em entrevista ao monopólio de imprensa Globo.
“Os mananciais do estado do Rio de Janeiro estão sobre risco, estão sendo afetados pela poluição doméstica, pela poluição industrial e essa poluição acaba afetando a população que consome essa agua que é distribuída”, afirma o oceanólogo Fabiano Thompson.
Água contaminada
A Cedae afirma que a presença de geosmina não causa problemas para a potabilidade da água, mas especialistas afirmam que numa concentração de 75 microgramas a cada mil litros de água tal substância é tóxica.
O oceanólogo e professor do Instituto de Biologia e da Coppe/UFRJ, Fabiano Thompsom, afirmou ainda que os microorganismos que se proliferam conjuntamente com os que produzem a geosmina podem produzir também outras toxinas, como “microcistina, saxitoxina e cilindrospermopsina, por exemplo, que são tóxicas e podem fazer mal ao fígado e ao sistema nervoso”.
A água turva deveria ter sido identificada pela Cedae antes de ser enviada para a casa das pessoas e medidas preventivas deveriam ter sido tomadas.
A geosmina sempre existiu no meio ambiente, o problema só se agravou pois aumentou os níveis de poluentes que promovem a proliferação de outras bactérias. A causa dos problemas no fornecimento da água também está relacionada com a falta de uma ação de reflorestamento e de despoluição dos nossos mananciais, além da prática de lançar esgotos e produtos tóxicos das indústrias nos rios sem fiscalização preventiva por parte dos governos que são coniventes com tais indústrias.
Esse tipo de situação se estende a anos, de modo intermitente. No ano de 2018, por exemplo, moradores do bairro Maravilha, em Campo Grande, zona oeste do Rio, realizaram protesto contra a falta de água, em 18/12. De acordo com relatos, na época, a região sofreu com o desabastecimento de oito dias sem nenhuma solução da Cedae
Segundo o morador Fabio Fonseca, de 38 anos, o problema não é novidade, pois todos os anos a região padece com o mesmo problema. “Moro no bairro há 18 anos e o problema acontece sempre na mesma época. Precisamos recolher água da chuva para as necessidades, tentamos entrar em contato com a Cedae e nunca conseguimos retorno”, disse em entrevista ao monopólio de imprensa O Dia, na época.
Protesto de moradores por falta d’água e luz em Campo Grande, em 2018. Foto: Reprodução.