No dia 21 de agosto, diante de 21 anos de ocupação e resistência dos camponeses que hoje conformam o acampamento Cícero Guedes em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Cassius Rodrigo de Almeida e Silva, superintendente Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) tentou através da coação e tentativa de divisão das famílias incitar a saída dos camponeses.
Conforme denúncias feitas por camponeses, o representante do velho Estado chegou no local usando colete à prova de balas, escoltado por carros da Polícia Federal (PF) e abordou cerca de cinco trabalhadores oferecendo cesta básica para saírem do acampamento, alegando também que seriam recompensados com lotes. Os camponeses que insistiam em resistir na luta pela terra foram ameaçados com despejo violento. O Ministério Público Federal (MPF), investiga denúncias de que o superintendente coagiu famílias a assinarem contratos em programa para crédito habitacional.
As terras ocupadas da antiga Usina foram palco de crimes do Regime Militar Fascista de 64
Atualmente vivem no acampamento Cícero Guedes 300 famílias que há 21 anos permanecem na luta pelas terras da antiga Usina Cambahyba, no Norte Fluminense, área com cerca de 3,5 mil hectares, que em 1993 foi à falência e então desativada. Além de inúmeras denúncias das práticas de trabalho infantil e trabalho análago a escravidão, o local foi utilizado para incinerar corpos de presos políticos que lutavam contra o golpe militar-fascista de 1964. Hoje estas deveriam ser terras designadas ao Incra para realização da “Reforma agrária”.
Ocupação e luta
A primeira ocupação das terras aconteceu no ano 2000. O acampamento a princípio foi batizado de Luís Maranhão.
Posteriormente foi rebatizado com o nome de um dos principais apoiadores e liderança dos camponeses, Cícero Guedes, assassinado a mando do latifúndio no ano de 2013 com tiros na cabeça e nas costas na estrada rural de Campos.
Em um vídeo de divulgação do acampamento, Cícero afirmava: “Nós não vamos conseguir uma terra, sem lutar, né companheirada temos que lutar!”.
Ocupação, que existe há 21 anos, ganhou mais de 300 famílias em junho deste ano. Foto: Tarcísio Nascimento