Lucas sendo colocado em camburão da PM. Foto: Reprodução
A mãe do jovem Lucas Azevedo Albino, de 18 anos, Laura Ramos de Azevedo, prestou depoimento à justiça no dia 25 de fevereiro, à pedido do Ministério Público, sobre o bárbaro assassinato de seu filho, cujos acusados são policiais militares. Os quatro policiais militares acusados pelos populares de serem os executores do crime participaram também da audiência.
Guerreira, Laura luta contra um câncer terminal e investiga o caso por conta própria. Segundo suas investigações, com base nos depoimentos de moradores o seu filho foi assassinado dentro da viatura do 41º Batalhão da Polícia Militar (Irajá). Antes de adentrar ao carro o jovem já havia sido baleado nas costas com um tiro de raspão, durante uma abordagem policial, num dos acessos do Complexo da Pedreira em Costa Barros, na Zona Norte do Rio.
Laura em depoimento relata que seu filho levou um tiro da PM nas costas enquanto estava na garupa de uma moto a caminho da casa da namorada, no dia 30 de dezembro de 2018, a fim de buscá-la para viajar para comemorar o réveillon em família. Segundo o relato de um trabalhador que estava no ponto de ônibus próximo ao local do crime, antes de ser colocado dentro da viatura ainda consciente, o jovem gritou por socorro, pediu para chamar a mãe e afirmou que não era bandido.
Ao ser levado pela viatura, Lucas chegou já morto no Hospital Estadual Carlos Chagas meia hora depois, bem mais tarde que a mãe, que percorreu um trajeto maior e saindo depois da viatura. O boletim médico confirma que Lucas deu entrada a unidade com um tiro no na testa.
— Como a pessoa sai da favela falando, com um tiro nas costas e chega ao hospital já morta com um tiro na cabeça? Meu filho foi reconhecido pelo pé, porque o rosto ficou desfigurado — relatou a mãe, durante o depoimento.
O caso chegou a ser registrado pelos policiais responsáveis como “auto de resistência”, que significa uma morte decorrente de confronto policial. No entanto, os mesmos policiais admitiram que não encontraram nenhuma arma com Lucas, além disso, testemunhas informam que os tiros partiram apenas da guarnição policial e a mãe do jovem reforça que seu filho não estava armado e não pertencia ao tráfico.
A suspeita é que, no meio do caminho, os policiais tenham interrompido a viagem para executar o jovem.
Laura chegou a denunciar o caso na Corregedoria da Corporação responsável pelo batalhão. Uma vez aberto o inquérito, a PM garantiu que os militares foram afastados das ruas, entretanto, a medida foi descumprida uma vez que o monopólio de imprensa flagrou um dos envolvidos fardados na rua trabalhando.
Laudo comprova que Lucas foi assassinado antes de adentrar o hospital
Na mesma semana do depoimento de Laura o laudo de necrópsia de seu filho, emitido pelo Instituto Médico Legal, foi divulgado e o mesmo, favorável a versão da mãe, resulta que o rapaz teve todos os ossos de seu crânio quebrados pelo tiro.
O documento que faz parte do inquérito foi assinado pelo perito Paulo Cesar Alves da Silva Filho, este descreve que o disparo adentrou a testa do rapaz da direita para a esquerda, saindo de seu corpo pela região da mandíbula esquerda. Quanto ao disparo no ombro o mesmo foi efetuado de trás para frente e saiu pela clavícula.